Toda viagem começa quando ouvimos falar de um lugar e pensamos na possibilidade de um dia conhecer. A partir deste momento tudo que se refere a este local passa a nos interessar e então começa a nossa viagem. Foi assim com São Francisco Xavier. Quando falaram que é uma cidadezinha bem pequena, interiorana, logo de cara decidi conhecer, principalmente porque fica bem próxima de São Paulo, 2h30min de moto, é claro, porque se fosse de carro demoraria esse tempo só para sair da mega cidade e do mega caos em que moramos. Nestas horas tenho certeza que uma cidade pequena do interior é tudo que a gente precisa, pelo menos no final de semana.

São Francisco Xavier é o refúgio dos casais apaixonados. A procura tem aumentado muito nos últimos anos e as pousadas tem investido muito neste público.
Nos hospedamos no Portal do Equilibrium. A proposta deste espaço é ideal para quem procura conforto, tranquilidade e bons serviços e o mais importante, uma natureza deslumbrante.

Final de tarde estrada muito boa, isso só confirmava que o final de semana seria maravilhoso. Até São José dos Campos dá pra vir bem rapidinho, mas quando pegamos a estrada sentido a SFX começava aí o processo de desaceleração. A estrada é muito bonita, mesmo ao anoitecer. A velocidade tem que ser bem reduzida, primeiro por ser mão dupla, com muitas curvas e alguns estreitamentos de pista e depois porque se estiver de dia, a paisagem merece ser contemplada.

Um pouco antes de chegar a SFX tem uma entrada para a pousada, portanto fiquem atentos. Já no caminho, vocês vão perceber a proposta da pousada. Inúmeras faixas alertando para algumas coisas que esquecemos de fazer no dia a dia, como por exemplo, permita-se, vivencie, aprecie, descanse e assim por diante. São apenas 1,2km de estrada de chão e depois mais 800m de subida, ainda bem que a estrada neste trecho é pavimentada possibilitando chegar inclusive em dias de chuva.
Imaginei, se estamos subindo tanto assim, a vista lá de cima deve ser maravilhosa. Ficamos sabendo que no mirante que fica a 1.100m de altitude tem uma visão é de 360º. Uau!!! Vamos fazer belas fotos.

A receptividade das pessoas do Portal é um detalhe a parte, alías, detalhes não faltam, tudo aqui é pensado com muito carinho. Logo no quarto tem uma carta personalizada dando as boas vindas. Outro detalhe é o significado da flor e da cor do quarto escolhido, Chuveiro duplo e janela de vidro panorâmica para contemplar a natureza até na hora do banho. Varanda com rede, cadeira de balanço e uma vista maravilhosa. Tudo muito bem cuidado.

Que fome! Que tal uma sopinha? Poderíamos ir até a cidade, mas escolhemos jantar na pousada mesmo. O hospede tem a opção de 2 ou 3 pratos caso não queira se deslocar para algum restaurante no centro.
A noite foi extremamente agradável à beira da lareira tomando vinho. Romântico né?

Hora de acordar e tomar aquele café da manhã. Já atenta aos detalhes vi que também tinha algo muito carinhoso na mesa, um detalhe tão pequeno, uma florzinha em cada xícara, um mimo. Márcia Vero, proprietária do Portal, faz questão de cuidar de cada detalhe.
Passa de mesa em mesa para dar as boas vindas aos hóspedes. 
A história, a determinação e a filosofia de vida demonstram exatamente o porquê de tanto cuidado.

Hora de queimar as calorias e na pousada tem muitas atividades, como por exemplo, tirolesa, rapel, trilhas, passeios a cavalo ou charrete, massagens ou simplesmente visitar a horta orgânica e o roseiral.

Fomos até o topo da montanha, estava super curiosa para admirar a vista lá de cima. Subidinha de lascar, mas a recompensa é de arrepiar. Adoro as montanhas, o verde, a natureza e lá em cima me senti tão pequena diante da imensidão. Meditar em um lugar assim é incrível, o vento batendo no rosto e o orvalho da manhã fazem a gente se sentir conectados. Somos parte de um todo e não tem como pensar diferente. É incrível saber que fazemos parte de tudo isso. Celebrei.

Hora de saber de onde viria parte do nosso almoço. Fomos à horta orgânica conversar com Sr. Eduardo que cuida muito bem das verduras. Nada de agrotóxico, tudo natural, com muito esterco e água da fonte.

Mais um pouco de prosa com a Márcia durante o almoço e curiosidades a serem esclarecidas. Fiquei encantada com o pau a pique no café da manhã, mas ela disse que na realidade aquilo é o João deitado. Como assim? Sempre conheci como pau a pique. Bom, quer saber o que é? Ela contará tudinho nos mínimos detalhes.
Se estiver passando por aqui, uma sugestão é almoçar no restaurante, que também é aberto ao público e custa R$ 49,00pp, inclui buffet de saladas, pratos quentes e sobremesas. Vale a pena experimentar os diversos tipos de caipirinhas, fale com o Agnaldo, gerente, que ele sabe exatamente qual indicar. Se quiser aproveitar a viagem e fazer algumas das atividades é só agendar com o monitor, os valores variam de R$ 20,00 a R$ 50,00pp.

No final da tarde fomos conhecer a cidade de SFX. Pra quem gosta de sossego, aqui é o local ideal. Nada de badalação e agito como nas cidades mais conhecidas no inverno.
Sem trânsito, sem tumulto, a vida noturna acaba por volta da meia noite. Aqui você vai
encontrar alguns bares, restaurantes e lojinhas de artesanato produzido pelas pessoas da região. O restaurante e ¨venda¨ João de Barro é uma boa dica. Experimentamos a mandioca com costelinha desfiada. Muito bom!

Pelas nossas andanças, conhecemos o Edson, que tem no seu “modesto” quintal uma casa na árvore, uma sauna, um rio de água bem gelada e uma gota acústica. Sabe o que é? Uma construção no formato de gota. Quando a gente entra e faz algum ruído, dependendo do lado sai um som diferente. Incrível, pela primeira vez me senti uma cantora de ópera. Eu e o Zé entramos e tivemos esta incrível experiência.
Nos arredores da cidade tem algumas cachoeiras, mas como esta época do ano é fria, visitaremos no próximo verão. Na última semana de maio, SFX realiza o Festival da Mantiqueira – Diálogo com a Literatura.

De volta ao aconchego da pousada, uma partidinha de dominó para descontrair e uma surra no Zé para me divertir, ganhei de 4 a 1. Dormi até mais feliz que foi até difícil levantar, aliás, até os passarinhos estavam com preguiça no domingo.

Amanheceu mais bonito que o dia anterior, não resistimos e subimos novamente para apreciar e se despedir daquela paisagem deslumbrante.
Estar em contato com a natureza faz a gente perceber que o que acontece ao nosso redor é muito pequeno. As coisas vão e vem e o que fica é a experiência. Experimentar tudo isso me fez muito bem. Contemplar, conectar, apreciar, renovar, deslumbrar, encantar, respirar são apenas palavras, mas sentir tudo isso é reencontrar um lado da gente que às vezes fica perdido pelo caminho.

Permita-se!