Viagem ao Fim do mundo – Qual seria a graça da vida se não fosse correr atrás de um sonho? Nosso sonho foi em uma única viagem, conhecer os desafiadores caminhos que levam até o Ushuaia, a cidade mais austral do planeta, desfilar pelas geladas patagônias argentinas e chilenas, chegar até  a cratera de um poderoso vulcão e ainda de sobra conhecer mais de perto o magnífico Aconcágua. Sonho sonhado, sonho realizado!
E, depois de mais de 14 mil quilômetros rodados em 24 dias de viagem, vocês podem acompanhar um pouco da magnitude que a natureza nos oferece. Nós nos divertimos fazendo para vocês se divertirem navegando. Boa viagem!

Patagônia

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Ushuaia

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Vulcão

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Mendoza

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Garupa

USHUAIA Na vida há hora pra tudo. Havíamos planejado esta viagem no ano de 2010, mas por força das circunstancias ela só aconteceu agora, em 2011. E com certeza foi uma das melhores datas, pois tudo deu perfeitamente certo. Foram 24 dias de sol, de belas paisagens, de muita aventura, crescimento espiritual e melhor de tudo, relembrar que fazemos parte deste mundo que é simplesmente magnífico. Os primeiros dois dias cansam um pouco, porque faz parte do deslocamento, mas não dá para não curtir. Se escolher bem o caminho, no nosso caso, Serras Gauchas, foi muito bom, apesar das curvas vale muito à pena. Como tudo estava dando certo, não podia ser diferente, chegamos em Montevidéu faltando uma hora para saída do BuqueBus, logo chegamos em Buenos Aires às 23hs, ganhando uma hora devido ao horário de verão do Brasil. Uma dica é deixar reservado um hotel, pois tivemos muita dificuldade de encontrar um nesta época do ano, sem contar que os preços na Argentina estão muito altos. Como gostamos de cidades menores, resolvemos fazer apenas um tour pela cidade com um ônibus que sai de 30 em 30 minutos para conhecer os principais pontos de Buenos Aires. (www.buenosairesbus.com). O valor é $ 70,00 pesos por pessoa (R$ 35,00). Na parte da tarde resolvemos adiantar a viagem e seguimos para Azul, que fica a 300 km de BsAs. Na cidade as hospedagens são simples, mas para passar a noite, acho que foi a escolha ideal. Nesta viagem tivemos a oportunidade de conhecer Las Grutas, uma cidade litorânea com muitas opções de restaurantes e hospedagens. Seguimos para Comodoro Rivadavia, mas não gostei, seria mais interessante se hospedar em Trelew ou Caleta Olívia. Neste dia pude me deliciar com as maravilhosas cerejas argentina, por apenas R$ 5,00 o Kg. Pena que de moto não dá para carregar muito e depois, nas aduanas não são permitidos frutas, sementes, vegetais e mais algumas coisinhas. Próxima parada Rio Gallegos, nada de tão interessante. Como nosso principal objetivo era o Ushuaia, não paramos para analisar cada local, mesmo porque não dá para conhecer tudo em poucos dias. Finalmente era o grande dia, chegar no Ushuaia em seis dias, isso seria incrível, mas o destino não quis assim. Apesar de na aduana chilena a gente ter conseguido passar rapidinho, não adiantou muito. Talvez pela ansiedade, sei lá, talvez obra do destino mesmo, passamos pela placa que vai até a barcaça (moto paga R$ 22,00) que atravessa o estreito de Magalhães e não vimos. Quando chegamos em Punta Arenas por volta do meio dia, poderíamos ter embarcado em uma outra balsa que demora 2hs para levar até o outro lado. Resolvemos voltar 150 km e pegar a balsa de 30 minutos. Erramos mais uma vez o caminho, mas enfim chegamos na balsa por volta das 17hs. O mar estava super agitado e depois de tantos erros, dei a idéia de mudarmos o trajeto. Idéia aceita, mas depois de 8 km resolvemos voltar, mas a balsa já tinha partido. Moral da história: Temos que ler as entrelinhas, nem tudo tem que ser como a gente quer. Temos que estar prontos para as frustrações, não somos onipotentes. Se a natureza não quer que façamos algo, temos que respeitar e isso era uma das coisas que combinamos antes de partir para esta viagem, afinal enfrentaríamos ventos muito fortes, por muitos quilômetros e quem sabe até terremotos. Era véspera de Natal, a gente nem tinha almoçado e ainda teríamos que enfrentar 150 km de rípio com muito, mas muito vento mesmo. Com certeza não seria muito seguro, poderíamos estragar tudo. Tem até uma música do Titãs que diz exatamente isso “O acaso vai nos proteger enquanto eu andar distraído” e de fato não só protegeu como nos presenteou com um dia maravilhoso. Se chegássemos um dia antes no Ushuaia, poderíamos não ter uma boa impressão, pois tinha muita chuva, vento e frio. Passamos um excelente Natal em Punta Arenas, com um dos melhores jantares da viagem, num ótimo hotel para no dia seguinte seguirmos viagem. Tínhamos também a opção de dormir em San Sebastian ou Río Grande, que são duas grandes cidades que ficam depois da balsa, antes do Ushuaia, mas optamos por voltar mesmo.Enfim USHUAIA. O céu ia se abrindo a cada km que nos aproximávamos do nosso destino. Muitos voltando com a tal má impressão e a nossa só melhorando. Chegamos, trocamos o óleo da moto e ainda fomos ver um capacete pra mim, porque o vento tinha derrubado e quebrado o meu companheiro de pensamentos. Depois de tudo isso ainda fomos ao parque Lapataia, onde fica o final da Ruta 3, 3079 km de distancia de Buenos Aires. Este parque cobra R$ 30,00pp e tem uma paisagem maravilhosa. O ideal é passar o dia, mas como chegamos às 21hs, não foi possível. O mais incrível é que no Ushuaia escurece às 23h e amanhece às 4h. Dá pra fazer muita coisa mesmo chegando tarde. Posso dizer com plena certeza que é um lugar maravilhoso. Valeu muito à pena chegar até aqui. Em apenas três dias aprendi coisas que poderia levar anos. A natureza realmente ensina, basta estarmos abertos e atentos. PATAGONIA Impossível ir até o Ushuaia (ARG) e não conhecer mais um pouco da patagonia argentina e chilena. Depois de entrar e sair, de várias aduanas, resolvemos voltar sentido Punta Arenas (CH) e seguir para Porto Natales (CH). Passamos pelo parque Torres del Paine. Maravilhoso! Não deu para ver tudo. Imagina que existe trekking de 10 dias pelo parque (o famoso W), fica pra próxima. Não poderíamos deixar de ver la Cueva del Milodon. Mas ele não estava, foi dar uma voltinha pela Europa, onde a maioria dos fósseis vão quando são encontrados. Uma pena, pois deveria ter ficado ali para podermos ver de perto os ossos de um animal pré-histórico. Entre rípios e bifurcações conseguimos sair do parque e chegar em Porto Natales. Ali só dormiríamos para no dia seguinte seguirmos para El Calafate (ARG) e passar por mais uma aduana... Finalmente veríamos uma das grandes maravilhas da natureza “glaciar Perito Moreno”. Nosso objetivo era fazer o Big Ice, um trekking de 7 horas sobre o glaciar, mas como era alta temporada, impossível, principalmente porque tinha um número limitado de pessoas por dia. Fizemos então o mini-trekking, cerca de 2 horas caminhando sobre o Glaciar. O passeio custa aproximadamente R$ 230,00 + R$ 35,00 ingresso do parque. Isso inclui van, guia, barco e os grampones para andar no gelo. Caso queira alugar roupas, o valor de cada item é R$ 24,00. Antes de fazermos o trekking, fomos de moto por estradas deslumbrantes até o mirante. Uma estrutura excelente. É possível ver o glaciar bem de pertinho. Se tiver azar, vai ver ele se desmoronando e fazendo um barulho estrondoso. Pode se pensar que é sorte, mas este fenômeno ocorre porque ele está derretendo, devido às mudanças climáticas no planeta. Uma experiência incrível, não dá para não fazer, mesmo que seja o mini. No final um brinde a natureza com whiskie e alfajor, quer combinação melhor? El Calafate merece pelo menos uma semana. Tem muitas opções de passeio. Como só iríamos ficar dois dias, resolvemos conhecer o terceiro maior glaciar do mundo, o Upsala. Este passeio custa R$ 325,00, inclui ingressos, barco, guia, visita a Estância Cristina e passeio 4x4 até o glaciar Upsala. Parece caro, mas a infra-estrutura é excelente. É um passeio pra quem gosta de aventura, porque para chegar até o Upsala não é nada fácil, tem que ser de 4x4 mesmo. Outro passeio interessante é ir até El Chalten, onde pode-se conhecer outras geleiras e fazer trekkings. Este trecho já está asfaltado, conforme nos informou os “Fazedores de Chuva”, Dolor e Ângela, um casal simpaticíssimo que conhecemos num restaurante, ali mesmo em El Calafate. A patagonia é um dos locais mais encantadores que já conheci. O melhor lugar para fazer belas fotos. Aqui também percebi como somos pequenos diante desta imensidão. Isso não significa que não somos nada, pelo contrário, fiquei muito feliz em saber que faço parte de tudo isso. A “naturaleza”, como se diz por aqui, é magnífica, linda, maravilhosa. Poderia usar todos os adjetivos e ainda não seria o suficiente. Quer um conselho? Se dê de presente algo maravilhoso, marque na sua agenda uma viagem para conhecer os Glaciares. VULCÃO Saí com muito pesar de El Calafate, queria ficar pelo menos mais alguns dias. Como programamos outras aventuras, não poderia dar o luxo de dispensar, afinal poderia ser também muito interessante. Colocamos como objetivo escalar o Vulcão Villarrica no Chile. A base fica em Pucon, então seguimos para lá, mas antes teríamos que passar em Bariloche. Que sacrifício, não? Nossa idéia era seguir pela ruta 40, mas nos aconselharam a não ir, pois a estrada não estava boa e como estávamos sozinhos, resolvemos não arriscar. Afinal tudo estava dando certo, não tinha o porquê colocar tudo a perder. Voltamos tudo e dormimos em Sarmiento (ARG). Não gostei, se pudesse escolher, me hospedaria em outro lugar, talvez em Caleta Olívia, mas precisávamos adiantar bem a viagem, quanto mais pra frente melhor. Chegando em Bariloche senti falta da neve nas cordilheiras. Quatro anos atrás estava tudo branco, inclusive a estrada, na divisa com Chile. Comemos salmão, Parilla e com certeza bombons da Mamuska, sem dizer das maravilhosas Quilmes. Dia seguinte, moto na estrada, agora livre dos ventos fortes que nos levaram até lá. Mais uma aduana, agora a do Chile. Quando cruzamos, percebemos a mudança que o vulcão que entrou em erupção causou. A paisagem estava totalmente seca e com muita cinza nas margens da estrada, mesmo assim estava tudo incrível. De repente um mirante para um lago. Inacreditável, a imagem que vi foi deslumbrante, um lago verdíssimo rodeado por arvores secas e com cores meio douradas. Mais uma vez a natureza mostrando que tudo se transforma, pois logo ali na frente o verde gritava dizendo que existia. A impressão que tivemos era que tinham regado. Era tudo tão verde que não dava pra acreditar como estava seco a poucos metros atrás. Rodamos mais um pouco e vimos o primeiro vulcão, Osorno. Este também pode-se escalar. A entrada é por um parque e uma estrada asfaltada que leva até a base do vulcão. Ali tem a opção de conhecer uma gruta e ter explicação sobre as formações rochosas. Em seguida vem Villarrica. Esta cidade cresceu tanto que fiquei super impressionada. Pensei, Pucon deve ser menor. Me enganei totalmente. Em menos de quatro anos a cidade que não passava de uma rua, cresceu mais de 20 vezes. Choquei. Será que invadiram o vulcão? Ufa! Pelo menos isso não. Ele estava lá, intacto nos esperando para subir. Desta vez seria possível, porque no passado ele resistiu, não permitiu. Ficamos frustrados, mas respeitamos. Tudo começa às 7h da manhã. A van passa no hotel e te leva até a base, onde tem um teleférico (R$ 24,00pp). A agencia cobra R$ 160,00pp com guia, van e roupas apropriadas. Dependendo da empresa você ganha um voucher para conhecer as termas. Enfim, 31 de dezembro, o grande dia. Será que consigo? É possível sim, é só ter cautela. A equipe tem que ter mais ou menos o mesmo fôlego. Todos juntos como pingüins enfileirados. A princípio parece fácil, mas a medida que subimos vamos percebendo o quanto é longe. São 5 horas para subir e 2 para descer de esqui-bunda. A cada passo todos vão juntos, mas se “saco la foto todos param”. O guia me enchia o saco “Gritava todo tempo: Brasil, se tu para todos param, non saca la foto”. Virou até um rappy com direito a passinho e tudo. Como eu era a última do meu grupo, acabava atrapalhando o grupo de trás, mas não dava para deixar de “sacar la foto”, cada passo era um click, pena que a “cenícia”, a nevoa do vulcão, pairava ainda sobre a cidade. Pouco se via, mas já era o suficiente para me encantar. Muita água e muita comida. Parávamos o tempo todo para nos hidratar. Eu queria tirar fotos, mas era obrigada a comer. Acho que dei trabalho pro nosso guia... Final de escalada, cheiro de enxofre e vista para mais três vulcões. Lindo, lindo, sei lá o que posso dizer. Só indo pra ver. O vulcão é inexplicável, parece algo tão calmo, não dá para imaginar do que ele é capaz e mesmo assim as pessoas o escalam e constroem casas e comércio bem próximo. Deve ser o poder de atração que ele exerce sobre as pessoas. O que sei é que ele exerceu sobre mim foi um cansaço que me impediu de ver a passagem do ano. Dormi exatamente 12 horas seguidas, das 21h às 9h. Dia seguinte, depois do meu sono de beleza, acordo renovada, disposta a fazer tudo de novo, mas fomos o último grupo do ano. No dia primeiro não houve escalada, o vulcão descansou. Então fomos curtir Pucon, mas apesar de ser uma cidade turística, tudo fecha. Os chilenos respeitam estas datas. Por sorte conseguimos comer um sanduiche antes de voltar para o hotel. Tudo que posso dizer é que foi mais uma experiência magnífica. Só indo pra saber como é. Sempre falei que não preciso passar por todas as experiências do mundo para saber como é, basta ouvir as pessoas e prestar atenção. Realmente isto não é verdade. Há coisas na vida que só passando para saber como é. Para isto, se dê a oportunidade e verá que é uma experiência única e intransferível.  MENDOZA Agora senti que estamos voltando. Não achei que fosse do Ushuaia, mas sim depois de escalar o vulcão. Ôpa, espera aí, ainda tem mais! Isso mesmo, o Aconcágua. Mas antes uma passadinha em Santiago para ver nossos amigos. Dia seguinte iria passar novamente pelos Caracoles, mas desta vez, sem falta faria as fotos. Quando chegamos na aduana, ficamos assustados, pois a fila era enorme. Pra nossa sorte era do lado oposto. Nesta época do ano as aduanas ficam lotadas. O ideal é deixar todos os documentos em ordem e ser esperto, pois é uma bagunça, ninguém respeita fila. Fique atento para o preenchimento dos papeis. Um erro e a viagem pode ter problemas. Realmente tudo estava a nosso favor, até ali o tempo só ajudava. Sol, sol, sol e lindas paisagens para fotografar. Encontramos nosso amigo e ele não resistiu ao charme do Zé e resolveu voltar para Mendoza com a gente. Agora éramos 3, eu, papai e júnior. Todos juntos para se divertir muito em nosso mais novo destino. Mendoza seria pequena pra nós. Na mesma noite entramos em oito bares. Vou explicar, não é o que vocês estão pensando. É que o atendimento e a cerveja não estavam bons. Desistimos do Boulevard e fomos para outra “calle”, continuação da rua Pucon. Na Argentina não tem erro todas as cidades tem os mesmos nomes de rua. Observe. Nosso objetivo era fazer um trekking até o primeiro acampamento base, dormir em barracas, jantar, no dia seguinte ver bem de frente o Aconcágua e logo em seguida voltar para Mendoza, tudo isso pela bagatela de R$ 800,00. As saídas acontecem às sextas-feiras com no mínimo duas pessoas. Na realidade tem diversos passeios, mas o que mais nos interessava era este, mas sabe como é, tempo curto, grana curta. Fomos até o mirante e fizemos algumas fotos. Mendoza não é um dos meus lugares prediletos, mas tenho que dizer que entre os Caracoles e a cidade a paisagem é arrazadora. Em Upsalata o clima é mais agradável, porque estamos a três mil metros de altitude e enquanto isso os miolos torravam em Mendoza, 45 graus. Eta cidadezinha quente! As crianças nem pediam moedas, encostavam-se à mesa e perguntavam se tinha gelo, acredita? Outro passeio em Mendoza é conhecer as vinícolas, mas isso é pra quem gosta. Nas artesanais a gente acaba se envolvendo com a história do produtor. São mais simples, mas em minha opinião são mais interessantes. Agora sim estamos voltando. Com algumas aventuras que não foram possíveis realizar, mas em contrapartida com muitas realizações. Até aqui só posso agradecer. Foram 24 dias de sol, de muita segurança, diversão, aprendizado e o mais importante, cumplicidade e respeito. Sempre viajamos a dois e nestes anos todos só tenho aprendido que o companheirismo é à base de uma relação. Nestas estradas, muitas pessoas boas passam por nossas vidas. Este é um dos maiores presentes que a vida nos dá. Quanto mais vivo, mais tenho vontade de viajar e conhecer novas culturas, assim cresço e consigo perceber a importância que cada um tem neste lindo planeta chamado “Terra”. “Se eu tivesse mais alma pra dar eu daria, isso pra mim é viver” Trecho da música de Caetano Veloso.

Piloto

USHUAIA Pra começo de conversa essa é uma viagem com muito mais visual do que proza, por isso as fotos dizem muito mais do que nossas palavras, sendo assim seremos breves.Partimos de São Paulo numa sexta-feira 16/12/11 rumo ao Ushuaia. Nosso primeiro pernoite foi na cidade gaucha de Caxias do Sul, e de presente ganhamos duas multas por excesso de velocidade, no dia seguinte entramos no Uruguai pela cidade de Chuí até a capital Montevidéu, onde embarcamos no buquebus com direção a Buenos Aires, depois de uma merecida noite de sono acordamos cedo e fizemos um tour de ônibus para conhecer um pouco do charme da capital portenha, na seqüência, logo após o almoço, em Porto Madero, seguimos nossa viagem até Azul, onde tivemos uma grata surpresa, logo na entrada um encontro de proprietários dos simpáticos Citroen 3 cv, ao pararmos a moto a empatia foi imediata, amor a primeira vista, eu pelos carrinhos e os carrinhos e seus donos pela moto. Depois das devidas apresentações e troca de e-mails, partimos para um breve desfile pela cidade, com minha promessa de voltar em março para o encontro argentinos dos pequenos carrinhos. Eu voltarei!De Azul continuamos descendo a ruta 3, nossa próxima parada foi um balneário muito simpático e aconchegante, Las Grutas. Mais uma noite de sono para recarregar as baterias e seguimos até Comodoro Rivadavia, não sei se a cidade tem slogan, mas poderia ser a cidade do vento, porque daqui pra frente ele será nossa companhia diária. Acordamos cedo e partimos, agora rumo a Rio Gallegos com o vento sempre presente e aumentando de intensidade a cada quilometro. Punta Arenas foi nosso próximo pernoite depois de enfrentar fortes ventos durante todo o trajeto. Agora faltava pouco mais de 600 km para chegar ao Ushuaia, parecia pouco se não fossem os 150 km de ripio e de ventos fortíssimos, além da aventura de ter que embarcar a moto na barcaça que atravessa o estreito de Magalhães, com vento e correnteza pra dar enjôo em marinheiro. Até aqui o primeiro desafio já foi superado, pareceu fácil né? PATAGONIA Pra quem pensa que chegar no Ushuaia é fácil, não esqueça que tem que voltar também. E voltamos até Porto Natales onde dormimos e seguimos nossa viagem pelo imperdível parque Torres Del Paine, e pela caverna do temível, porém, já extinto Milodon.Finalmente chegamos a El Calafate, o paraíso dos glaciares, essa região é simplesmente imperdível e indescritível. Acho que um dos pontos altos é o trekking nos glaciares e o passeio de barco até a Estância Cristina, além do tour de 4x4 até o gigante branco Perito Moreno. Por mais que eu me esforce as fotos abaixo dizem muito mais do que minhas palavras... VULCÃO Há alguns anos atrás, o senhor vulcão Villarrica nos deixou por três dias plantados aos seus pés para que tentássemos chegar a sua cratera, e no fim não permitiu. Mas sem ressentimentos eu prometi, voltaremos! E voltamos, e dessa vez ele estava de bom humor e permitiu que durante cinco horas subíssemos até a sua cratera, desfrutássemos do visual por alguns minutos e depois descêssemos escorregando feito um escorregador gigante. É indescritível o poder de atração que o vulcão exerce sobre mim, foi uma super realização. Com muito respeito e admiração, muito obrigado Sr. Vulcão. MENDOZA De Pucon seguimos para nossa ultima fase, com direito a cruzar os Andes pelos famosos caracoles que ligam o Chile a Argentina. No meio do caminho nada como encontrar com um grande amigo do Brasil para colocar as conversas em dia. Chegamos em Mendoza com um calor de 40º  e nada como uma Quilmes morna, porque gelada é a coisa mais difícil de achar nessa cidade. Nossa intenção em Mendoza era subir até o acampamento base do Aconcagua e por lá passar uma noite, mas infelizmente esse passeio tem saídas apenas as sextas-feiras e como estávamos dois dias adiantados resolvemos fazer uma breve visita até o mirador da grande montanha, com direito a acompanhar alguns pilotos do Rally Dakar no deslocamento. Dia seguinte aproveitamos à tarde para conhecer duas vinícolas e uma fábrica de azeite, um passeio para quem curte e pretende comprar algumas garrafas de vinho. De Mendoza iniciamos nosso retorno ao Brasil até a cidade de Paraná ainda na Argentina, depois Santa Maria, Curitiba e finalmente São Paulo. Foram 14.400 quilômetros rodados sem nenhum problema com a moto, sem nenhum problema com a Policia, sem nenhum problema de falta de combustível, apesar da Argentina passar por uma crise de abastecimento nesse momento, e sem nenhum problema de relacionamento. Só posso agradecer aos hermanos argentinos e chilenos, que sempre que precisamos fomos muito bem atendidos. A minha inseparável companheira de aventuras, como sempre transmitindo alegria e otimismo, mesmo nos momentos mais bicudos e ao Todo Poderoso, que mais uma vez dividiu nossa garupa e cuidou dos nossos caminhos. Viagem sonhada, viagem realizada! Gracias.

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