Serras Capixabas – Conhecer as Serras Capixabas vale a pena em todos os sentidos, e quando digo sentidos, são eles mesmos, aqueles que nos fazem se relacionar com o mundo. A visão se refere as belas paisagens; o paladar, as maravilhosas guloseimas que experimentamos; a audição, as cantorias dos pássaros e as conversas com as pessoas do local; olfato, as flores e ao cheiro de terra molhada e o tato, ao carinho e abraços de pessoas encantadoras.


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  VERSÃO PILOTO

Como Chegar
Partindo de São Paulo pela opção mais curta do Google Maps são 813 km. Ayrton Senna e Carvalho Pinto depois Dutra até Barra Mansa, na sequencia seguimos pelas rodovias Lúcio Meira até a divisa com o Espirito Santo, depois ES 297, ES 492 e ES 166 até Venda Nova do Imigrante. O problema nesse trecho é que passamos por dentro de muitas cidades, com muitas lombadas, o que atrasou bastante nossa chegada, saímos de SP 7:30 e chegamos às 21h.
Na volta optamos por evitar esse trecho e apesar de ter que rodar aproximadamente 40 km a mais é bem mais rápido, saindo de Venda Nova pegamos a BR 262 sentido Belo Horizonte até a cidade Manhuaçu depois a BR 116 até Além Paraíba, depois rodovia Lúcio Meira até Barra Mansa e BR 116 até Taubaté, Carvalho Pinto até SP. Saída de Venda Nova 7hs e chegada em SP 18hs.

Estradas
As rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto dispensam comentários, a Dutra apesar de bem pavimentada e sinalizada é aconselhável ficar atento alto número de ônibus e caminhões, as rodovias Lúcio Meira e as estaduais que cortam o Espirito Santo estão em boas condições de sinalização e de pavimentação, mas como são de mão dupla e passam por dentro de muitas cidades, com um volumoso trafego de caminhões, a atenção tem que ser total.

O Que Fazer
Esse é o típico roteiro para quem gosta de rodar bastante de moto, além de vivenciar novas experiências, como conhecer na pratica a criação de abelhas, comer morangos orgânicos direto do pé, ou experimentar o Socol e toda a estória de uma simpática família descendente de italianos, Isso é só uma amostra do Agroturismo de Venda Nova do Imigrante e região.
Saímos de São Paulo numa quinta-feira e depois de rodar quase quatorze horas no lombo da moto, nada como um pit stop para um merecido lanche e uma cerveja gelada antes de seguir para a pousada, tomar um banho e desmaiar na cama, como chegamos à noite e “a noite todos os gatos são pardos”, não deu pra ver nada além do que os faróis da moto mostravam, amanhã certamente teremos muito pra ver.

Depois de uma boa noite de sono pra recarregar as baterias, numa cama confortável e com aquele friozinho, bom pra ficar debaixo do cobertor, acordamos cedo, porque o dia seria longo, nossa programação para os próximos dois dias seria agitada. Tomamos café da manhã ouvindo as dicas de onde ir e o que fazer por essas bandas do casal proprietário da Pousada Vale Du’Carmo, Antônio e Marli, que cuidam de todos os detalhes pessoalmente e com muito carinho.
Café tomado é hora de começar a entender o que essa gente aqui das Serras Capixabas faz para viver, nossa primeira visita foi num sitio de produção de morangos orgânicos, mas para chegar até ele é preciso passar pelo cartão postal da região, a Pedra Azul, contornando a Rota do Lagarto, uma charmosa estradinha de 7 km perfeita para andar de moto e se deslumbrar com a paisagem, várias vezes, indo e voltando.

Mas chegando ao sitio do Sr. Bill, fomos recebidos pelo próprio, que não cansava de nos dizer todas os benefícios da produção orgânica, enquanto isso eu ia comendo os morangos mais doces que eu já provei, mais conversa e mais eu comia, agora as geleias, de morango com gengibre, a melhor. Daria para passar o dia ali comendo morangos, ouvindo as conversas do Bill e olhando de frente para a Pedra Azul rodeada pela rota do lagarto, mas como temos muito o que conhecer seguimos, agora uma sessão de fotos para mostrar porque o nome Rota do Lagarto? Observe bem as fotos, você vai descobrir.

Já passava das 3 hs e a fome começou a falar mais alto, e o meu desejo era experimentar o prato típico dessa região colonizada por italianos, a polenta. Passamos por dois restaurantes bem bacanas, mas não serviam a dita cuja, foi então que encontramos o Café da Roça – Altoé da Montanha onde matei minha vontade, além de mais um dedinho de proza com o proprietário.

Final de tarde fomos conhecer a produção do Sitio dos Palmitos, e o Mauricio, parece até redundância, mas também foi muito simpático e nos mostrou todos os diferentes tipos de palmeiras e as diversas receitas que são produzidas e vendidas ali mesmo na lojinha, aliás, em todos esses sítios você experimenta e compra os produtos ali produzidos. A noite foi de descanso e muito bate papo com nossos anfitriões Antônio e Marli.
Sábado acordamos cedo e fomos fazer um programa imperdível, a trilha no Parque estadual da Pedra Azul, que só pode ser feita acompanhada pelos monitores e no máximo 30 pessoas por dia, portanto, agende com antecedência, vale muito a pena a caminhada até as piscinas naturais, o visual fala mais do que mil palavras, menos para um bando de adolescentes que estavam mais preocupados em fazer “selfs” do que com o lugar, mas tudo bem, acho que eu estou ficando ranzinza mesmo.

Depois de 3 horas subindo e descendo montanha a fome já começou a se manifestar e fomos almoçar no mesmo lugar que comemos quando chegamos, a Parada Obrigatória em Venda Velha do Imigrante, ao lado da rodoviária, bom bonito e barato. Depois de abastecidos fomos para nosso ultima visita, o Apiário Florin, e fomos recebidos pelo casal Arno e Neuza e como é de praxe por essas redondezas, mais uma mesa redonda, agora sobre zangões, operárias e rainhas, com direito a visitar as caixas pessoalmente e experimentar os diversos tipos de mel produzidos.

À noite, mais um pouco de conversa na pousada, um vinhozinho e as despedidas porque no domingão sairemos cedo para encarar os 900 km de volta. Mas pra quem curte moto sabe que isso faz parte do pacote.
Durante um bom tempo recebi vários e-mails perguntado por que não tem nenhum roteiro do Espírito Santo no Motoa2 ?
E, sempre respondi que estava nos nossos planos, mas ainda não tinha encontrado o roteiro ideal.
Encontramos não só o roteiro ideal, que vocês podem tirar suas próprias conclusões, apenas olhando as fotos, mas encontramos também as pessoas ideais, que sabem receber os turistas com muito carinho e atenção, e não se cansam de contar suas estórias, da difícil vida no campo até chegar a esse modelo de Agroturismo, que certamente tem seu êxito coroado pelo comprometimento de toda essa comunidade.

Espirito Santo, agora no Motoa2.



  VERSÃO GARUPA

Finalmente a primavera está chegando, mas antes que ela chegue resolvemos conhecer Pedra Azul, que fica nas Serras Capixabas – ES. Depois de muito tempo viajando pelo Brasil, sempre marcávamos de visitar este estado, mas nunca dava. E como tudo na vida tem o tempo certo, assim como as estações do ano, esta foi a nossa hora.
A viagem, apesar de longa, estava super agradável. O tempo ensolarado e mesmo estando muito seco, as flores exalavam seus perfumes pelo caminho, principalmente no percurso que fizemos a noite. Isso mesmo, fizemos 900 km em 14 horas. Parece muito, né? E é, tanto em quilometragem como em horas sentada na garupa de uma moto. O caminho escolhido tinha muitas curvas, serras e pequenas cidades e quando nos perdemos, na realidade encontramos novas experiências passando por lugares e vendo como a cultura de cada pequeno distrito muda aos poucos. Percebi que onde iríamos passar os próximos três dias, seria de paz e tranquilidade, pois a serra esconde seus encantos durante a noite e abre os caminhos para as descobertas durante o dia, portanto, se está procurando um lugar para descansar, se alimentar bem e ainda despertar os seus sentidos, este é o lugar.

Conhecer as Serras Capixabas vale a pena em todos os sentidos, e quando digo sentidos, são eles mesmos, aqueles que nos fazem se relacionar com o mundo. A visão se refere as belas paisagens; o paladar, as maravilhosas guloseimas que experimentamos; a audição, as cantorias dos pássaros e as conversas com as pessoas do local; olfato, as flores e ao cheiro de terra molhada e o tato, ao carinho e abraços de pessoas encantadoras.

Para ser mais clara, vou repetir um bordão dito pelos nossos anfitriões, Antônio e Marli da pousada Vale Du’Carmo: “Turista se recebe com 3 C – cama, comida e conversa”. E foi constatado e aprovado.

Além de sermos bem recebidos, fomos também muito bem orientados, tanto é que deu tempo de fazer quase tudo em apenas dois dias livres de passeio. Agora fica mais fácil seguir estas orientações e se deliciar com o Agroturismo, que é uma das principais atividades da região. Aqui o pequeno agricultor nos recebe em seu sitio e nos apresenta tudo que é produzido e ali mesmo ele vende seus produtos que são livres de agrotóxicos. Pra quem gosta de produtos naturais e orgânicos, vai se deliciar visitando estes lugares. E tem mais, alguns restaurantes, como por exemplo, o Travoleta, prepara os seus pratos com produtos comprados diretamente destes produtores. Gostei muito do que vi, um produtor ajuda o outro e todos valorizam e divulgam o Agroturismo.

Começamos conhecendo o Sr. Bill do sitio Penha Azul, que me apresentou o Morango mais gostoso que eu já comi em toda minha vida, o morango da Patagônia, docinho. Diferente daqueles que a gente come e tem gosto de leite condensado. Não resistimos e compramos a deliciosas geleias que ele produz. Agora, difícil foi sair dali. Ele faz jus a um dos “C” daquele bordão.

Ainda tinha muito dia pela frente e por isso fomos fazer fotos da famosa Pedra Azul.
O nome da formação rochosa de quase dois mil metros de altura se deve à coloração, que varia ao longo do dia, de acordo com a incidência da luz solar. Um dos melhores lugares para fotografar é na Rota do Lagarto, onde é uma delícia andar de moto pelos 7 km de belas paisagens e de sofisticados restaurantes e pousadas.

E que tal visitar o Maurício do Sítio dos Palmitos? Lá você vai encontrar seus deliciosos e caprichados produtos. Já imaginou comer uma lasanha, onde no lugar da massa, você coloca palmito? Hum! Deve ser uma delícia. Além de pegar dicas e sugestões de receitas, ele ainda faz questão de dar uma aula sobre as diferentes palmáceas.

Quando pensamos que conhecemos quase tudo, acabamos tendo certeza que não sabemos de nada. O que você pensa quando eu digo SOCOL? Tudo, menos algo que se come, não é? Como as Serras foram colonizadas por italianos e alemães, daí a semelhança com o sul do nosso país, possibilita conhecermos estas tradições tão peculiares de países que passaram por guerras. O Socol é um embutido que antigamente era feito com carne do “osso do colo” do porco, daí o nome OSSOCOLO, que resumindo virou SOCOL. Hoje se faz com uma parte nobre do porco, o lombo. Melhor que conhecer o Socol, foi conhecer a tia Cacilda e o tio Máximo que estão casados há 57 anos. Chegamos e eles já tinham encerrado o expediente, mas pra nossa surpresa, fizeram questão de reabrir e ficar um tempão conversando com a gente. Foram conversas agradabilíssimas, uma lição de vida de dar inveja a qualquer um, desde histórias tristes até grandes realizações. Realmente não tinha como sair dali e não adotá-los como “Tios”.

Dia seguinte, não podíamos deixar de fazer a trilha no Parque Estadual da Pedra Azul. Só tinha um detalhe, não tínhamos feito reserva. O parque recebe rigorosamente somente 30 turistas por dia. Uma turma sai às 9h30 e a outra às 13h30.
O ingresso custa R$ 10,00 por pessoa e sobem no mínimo com 04. Uma dica é ligar antes e reservar. Por obra do destino, um casal desistiu de fazer o passeio e pra nossa sorte conseguimos nos encaixar no grupo. São três horas de caminhada com direito a explicações dos guias, banho em piscinas naturais e também algumas câimbras e calos nas mãos e nos pés.

Agora em outubro acontece a famosa Festa da Polenta no distrito de Venda Nova do Imigrante, que fica a 15 km de Pedra Azul. A comunidade prepara uma pequena polenta com 800 kg e também um queijinho de 1 tonelada. Foi necessário construir uma panela CSN e a polenta é revirada com pás motorizadas. Uma loucura!

Final da tarde fomos conhecer as “meninas” do Arno e da Neuza, mas para isso tivemos que vestir uma roupa especial. Isso mesmo, se não elas poderiam nos machucar e não seria nada agradável. Elas fazem produtos bem docinhos, mas em contrapartida são bravinhas quando invadimos seu território. O apiário Florin é bem interessante, além dos produtos que estão à venda, você pode conhecer como funciona uma criação de abelhas bem de perto pelo valor de R$ 30,00 por pessoa. O holandês Arno em contrapartida dá diversas explicações sobre as colmeias. Vale a pena a experiência.

Quando percebemos o dia já tinha acabado e a noite indicava que tínhamos que voltar para a pousada Vale Du’Carmo e arrumar as coisas, mas antes um bate papo para conhecer mais ainda sobre a região, principalmente dos lugares que não deu para visitar. Acredito que são necessários 4 dias livres para conhecer melhor Pedra Azul e arredores. Tem o Parque da Pedra do Forno Grande que desta vez estava fechado para manutenção das trilhas. Tem também uma estrada muito bonita até Afonso Cláudio que é bem gostosa para andar de moto. Outra cosia que deve ser bem interessante é sentar nestes pequenos distritos, tomar uma cerveja ou sorvete e ver como é a vida das pessoas longe dos grandes centros.

Como se vê não faltam atividades para fazer nas Serras Capixabas e se tiver mais um tempinho, pode rodar mais 100 km e chegar ao Litoral para aproveitar as praias de Vitória.

Por incrível que pareça, valeu muito a pena esperar este tempo para conhecer melhor este lugar. Há fases em nossas vidas que pensamos mais em melhorar nossa qualidade de vida e nada melhor que uma boa alimentação e uma boa conversa para nos fazer acreditar que vale muito a pena viver e conhecer pessoas queridas, como por exemplo, a Marli e o Antonio, que nos receberam tão bem e nos passaram um exemplo de que vale a pena planejar o futuro para realizar os sonhos tão desejados.

As cidades do interior tem uma coisa muito peculiar que é nos mostrar que tudo tem seu tempo certo, assim como na agricultura. De nada adianta a ansiedade, tudo vai acontecer como tem que ser.

Acho que vou acrescentar mais um “C” no bordão, “C” de cuidado, porque me senti cuidada em todos os sentidos.

 

 
Viagem realizada em: 18/09/14 A 21/09/14
Tipo de viagem: Final de Semana prolongado / Feriado / Férias
Quilometros Rodados 1.866km (ida, volta, mais local)
Como Chegar Veja no texto do Piloto
Sites Importantes http://www.pousadavaleducarmo.com.br/
http://www.pedraazul.com.br/ Condutores ambientais do Parque Pedra Azul – Tel.: 27 9 9739-8005 – Hélio e-mail: [email protected]