Gonçalves é um daqueles lugares perfeitos pra você agradecer a vida.
É um daqueles lugares perfeitos pra você tirar a armadura e voltar a sentar na calçada.
Pra você se redimensionar diante da imensidão da natureza.
COMO CHEGAR
A 240 km pela Carvalho Pinto ou a 190 km pela Fernão Dias.
ESTRADAS
Fica ao gosto do freguês, para quem gosta de rodar por estradas mais largas e com muito menos caminhões e ônibus, vale a pena rodar um pouco mais e seguir pela Carvalho Pinto até Monteiro Lobato e depois continuar pela Rod. Floriano Pinheiro até Gonçalves.
Para quem prefere economizar alguns quilômetros e não se incomoda em dividir a estradas com muitos caminhões a segunda opção é a ideal.
O QUE FAZER
Primeiro curtir o visual da estrada que liga Monteiro Lobato até Gonçalves, principalmente a serrinha que tem um visual incrível, ainda mais se você der sorte de pegar um dia ensolarado.
Durante o dia prepare-se para subir e descer muitas montanhas, por estradinhas de terra e cascalho que levam a alguns mirantes de onde se vê um mar de montanhas, além de muitas cachoeiras.
Eu, como sou meio cachorro labrador, não posso ver uma poça d’água, que mesmo gelada pra caramba, não resisto, tenho que entrar nem que seja só um pouquinho.
Depois do almoço umas voltinhas pelo centro para fazer a digestão e aproveitar para conhecer algumas lojinhas, como a Senhora das Especiarias, a feirinha de orgânicos ou uma oficina de escultura em madeira, depois uma pausa para poder curtir também a pousada, nada como um ofurô para repor as energias antes de sair pra noite.
A noite de Gonçalves tem um point imperdível, o Porto do Céu, que para quem gosta de comer bem e beber umas cachacinhas da região é perfeito, e no sábado rola um som de primeira, com um excelente repertório que inclui alguns clássicos do blues e do rock, tocados e cantados pelo competente Silvio César. Vale muito à pena conhecer.
No domingo um programa legal é passar a manhã na Cachoeira da Andorinha, tomando sol, dando um mergulho e curando a ressaca da noitada anterior, depois aproveitar o Restaurante Policarpo, que é do lado e que além do visual, da comida e da cerveja gelada, ainda tem a simpatia e o bom papo do Carlos, proprietário do restaurante e de quebra de uma Harley Davidson também.
COMER & BEBER
Nesse quesito Gonçalves é bem servida, vou citar os lugares que conhecemos e que certamente voltaremos.
Primeiro o Café da Manhã da Pousada Trem das Cores, que não dá vontade de parar de comer, principalmente pelo pão de queijo, o bolinho de chuva, os bolos e os deliciosos pães caseiros.
O Restaurante Demeter é outro lugar muito bom de comer, beber uma ou várias Serra Malte estupidamente geladas e se divertir com o bom humor do Adriano – proprietário e ex-motociclista, se é que existe ex-motociclista.
O Restaurante Policarpo, já citado ai em cima.
O Porto do Céu Restobar, também já citado ai em cima
O Bar do Marcelo, que pra quem gosta de cachaça é imperdível, tem uma verdadeira coleção de cachaças de todas as qualidades. Vale à pena levar algumas para casa e para os amigos.
E antes que você pergunte, e o endereço desses lugares? Calma amigo, todos eles são bem sinalizados, mas se ainda assim você tiver alguma dificuldade, exercite a sua humildade e pergunte, tenho certeza que no mínimo você vai correr o risco de fazer algum amigo.
Ah, é bom levar dinheiro e/ou cheque, poucos lugares aceitam cartões e banco só o do Brasil.
MEUS COMENTÁRIOS
Claro que se você tiver três ou quatro dias para aproveitar todas as montanhas e cachoeiras sem pressa é perfeito, caso contrário, principalmente para quem é de São Paulo, aproveite o fim de semana mesmo.
Nós saímos na sexta-feira desafiando a meteorologia, que previa pancadas de chuva no sábado e chuva mesmo no domingo.
Mas para a frustração da mocinha do tempo do Jornal Nacional, o sábado ficou nublado e o domingo amanheceu ensolarado com céu de brigadeiro, deu até pra tomar banho de cachoeira.
Mas é bom lembrar que as estradas de terra e cascalho, que levam até as cachoeiras, não são muito amigáveis para motos custom ou speed.
Outra coisa muito boa de Gonçalves é que você não fica sozinho, por onde quer que você passe faz amigos, e chega a ser engraçado a quantidade de paulistas que se apropriaram da cidade, acho que além do clima e da beleza natural deve ser o Astral do lugar.
Até o meu amigo Cocara um simpático São Bernardo com cara de bonachão, se apropriou de umas terrinhas. Ele faz questão de acompanhar todos os turistas até a “sua” cachoeira, um perfeito anfitrião.
Gonçalves é um daqueles lugares perfeitos pra você agradecer a vida.
É um daqueles lugares perfeitos pra você tirar a armadura e voltar a sentar na calçada.
Pra você se redimensionar diante da imensidão da natureza.
Gonçalves é com certeza, um daqueles lugares onde menos é mais.
Visite com moderação.
Ps. Os artesanatos das fotos estão à venda na lojinha da Pousada Trem das Cores.
VERSÃO GARUPA
Talvez você nunca tenha ouvido falar desta cidade, isso porque ela fica bem escondidinha entre as Serras verdes do circuito da Mantiqueira. A beleza começa pela estradinha de acesso à cidade. Geralmente as entradas de algumas cidades deixam muito a desejar, em Gonçalves é bem diferente, saindo da rodovia você pega uma estrada super bonita, cheia de curvas e que a cada metro vai apresentando um cenário muito interessante. Logo de cara, você avista uma serra de pedra que compõe a paisagem e então já pode imaginar o que vem pela frente.
Toda aquela região é muito procurada pelo clima de inverno e de suas belezas naturais. Gonçalves fica muito próxima de Campos do Jordão, mas sua proposta de turismo é muito diferente. Ela oferece ao turista um contato direto com a natureza, a cidade é toda cercada de serras verdinhas, com muitas araucárias, pinheiros, são tantas tonalidades de verde que encantam nossos olhos. A impressão que me dá é que todas aquelas serras foram desenhadas e pintadas com giz de cera, tipo desenho infantil. Uma vez ou outra tem uma árvore toda colorida para harmonizar ainda mais a paisagem.
Próxima da cidade grande, mas muito distante de sua agitação, Gonçalves é muito procurada por pessoas que buscam tranquilidade, paz de espírito, energia, conforto, amizade e sobretudo estar bem consigo mesmo para poder enfrentar o stress e a correria do dia a dia de quem mora em grandes cidades.
A cidade é bem pequena, não tem vida noturna, mas durante o dia opções de passeios não faltam. Lembra que eu falei daquelas serras, então, cada vez que desce obrigatoriamente tem que subir. Falo isso porque as cachoeiras, que por sinal são muitas, ficam todas escondidinhas entre elas, obrigando-nos a fazer algum esforço físico. Não desanimem, pois vale muito à pena, principalmente nos dias quente de verão.
Há muitas pousadas, das mais simples as mais requintadas. Ficamos na Pousada Trem das Cores, nessa época do ano ela fica um charme com todas as margaridas floridas. O atendimento é VIP, o Sr. Wilson foi de uma gentileza impar. Você acredita que eu apenas comentei de uma quitanda mineira, que eu conheço por “pau a pique” (broa de milho assada na folha de bananeira), pois não é que ele providenciou para o café da manhã. É isso que faz a diferença! Charme, elegância, bom atendimento e um café da manhã maravilhoso, foi tudo o que recebemos na Pousada Trem das Cores, inclusive tivemos que disputar com os passarinhos os deliciosos bolinhos de chuva da Elizete. Por falar em passarinhos, um ornitólogo ficaria encantado com a variedade que existe na região, logo cedo você acorda com uma verdadeira sinfonia. Tive a oportunidade de avistar um tucano, só não consegui fotografar, ele ficou escondido na copa de uma árvore. Vai ver ele era tímido ou estava surrupiando um ninho.
Uma coisa que percebi em Gonçalves é que não é possível ficar sozinho, as pessoas se encontram em determinados locais, começam meio tímidas com uma prosa e no final do papo terminam como se fossem grandes amigos. Tivemos esta experiência no Restaurante Deméter na Roça, onde conhecemos os Carlos, que eram dois e a Cris pessoas formidáveis e tão interessantes que acabamos marcando encontro para o dia seguinte.
Como já disse a noite em Gonçalves é muito tranquila, mas no sábado tem um programa que é imperdível, Porto do Céu Restobar, isso mesmo, além da simpatia dos proprietários Sergio e Sônia, tem também a presença do Silvinho, chamo-o assim exatamente pelo que já tinha falado antes, a proximidade com as pessoas é fato. Pra quem gosta de uma boa música e um excelente repertório nacional e internacional regado a violão e gaita, o lugar é ali. Seguindo a sugestão da Sônia, experimentei o famoso capelletti in brodo com capa de massa folhada,que delícia! Ambiente único, comida e música de qualidade. O papo rolou madrugada adentro regado a caipirinha de pinga, é claro. Aliás, quando se viaja pra Minas é impossível não experimentar as cachaças, até quem não gosta aprende a gostar, minha dica é a cachaça Salinas não que eu tenha tomado pura, mas na caipirinha fica show, melhor do que com vodka.
Em Gonçalves tem de tudo um pouco, passeios tranquilos até os radicais, pra isso tem um receptivo local, pra quem gosta é bem interessante.
Inclusive tem um mirante que não é possível chegar sozinho, a Pedra Bonita, por ser propriedade privada, precisa de autorização para entrar, portanto é bom ir com guia.
Na manhã seguinte o sol estava radiante, imagina se não iríamos por a moto na terra e explorar novos locais. Resolvemos visitar um vilarejo chamado “Venâncio” e conhecer algumas antigas casas de roça. O caminho é bem tortuoso, mas valeu à pena enfrentar. Logo mais a frente tem uma trilha que só passa carro 4×4, decidimos não arriscar. Como tem diversas cachoeiras pela região escolhemos a das “Andorinhas”, leva este nome porque se você chegar antes das 8h da manhã terá a sorte de encontrá-las grudadas nas rochas, se elas escolhem este local é porque não são nada bobas. Esta cachoeira fica bem escondida em um vale, para chegar até ela é fácil, voltar é que é o difícil, pois a subida é íngreme e dá até desânimo. Tive que subir fazendo zique-zaque, senão ia ficar por lá mesmo.
Quem gosta de artesanato vai encontrar muitas coisas bonitas e interessantes, mas levem dinheiro, pois as lojinhas não aceitam cartão. Sem falar que se precisarem de dinheiro terão que rodar 23km até Paraisópolis que é a cidade mais próxima com diversos bancos.
Pra fechar com chave de ouro, antes de voltarmos para São Paulo passamos no Restaurante Policarpo, o Carlos e a Vera nos receberam com tanta simpatia que estava até difícil de ir embora, continuaríamos ali por longas horas trocando experiências de viagens.
Quanto mais eu viajo chego à conclusão que viajar é reaprender a viver. A rotina do dia a dia nos fecha em um mundo de costumes e idéias padronizadas. Quando nos damos à oportunidade de viajar passamos a ver o mundo com outros olhos, saímos do padrão e abrimos nossas mentes para o novo e o desconhecido, isso nos ajuda a aceitar as coisas como elas são. A natureza está aí para nos mostrar tudo isso, basta estarmos abertos. Quando falo em natureza não descarto a humana, afinal fazemos parte do todo, um complementa o outro e é impossível viver separado. Conhecer lugares novos e pessoas afins tem me mostrado como vale a pena viver e reaprender. Namaste!
Distância SP-Gonçalves – MG | A 240km pela Rod. Carvalho Pinto |
Tipo de viagem | Fim de semana/ Feriado |
Viagem realizada em: | Setembro/2009 |
Sites | www.goncalvestur.com.br http://tremdascores.com.br/ |