Expedição Uruguai / Argentina / Chile – Esse é o nosso projeto especial. Um sonho antigo que depois de meses de planejamento resolvemos por em prática. Vocês poderão acompanhar passo a passo essa aventura, desde o planejamento até o diário de bordo, claro tudo recheado com muitas fotos.
VERSÃO PILOTO
Dia 18/12/07- 1º dia – São Paulo / Lages (SC)
É chegada a hora. A ansiedade quase mata. Combinamos de acordar 5:30h da manhã. Dormir nem pensar aquela noite. Era uma mistura de sentimentos, medo, insegurança, saudade, ansiedade, desprendimento das coisas do dia-a-dia. Como temos medo do que é novo, de mudar nossa rotina. Verificamos todos os itens no nosso check list e pé na estrada.
Entramos na Regis Bittencourt as 7h, um pouco tensos, pois essa rodovia não e nada segura. Tínhamos como objetivo rodar uns 700km neste dia e nos primeiros 300km aconteceria nosso primeiro estresse. Antes de chegar em Curitiba não abastecemos a moto, então imagine o que aconteceu?!
Não chegou a ser uma pane seca, mas confesso que o susto foi grande. Quando o combustível estava acabando resolvemos voltar para abastecer, só que quando chegamos o posto não tinha gasolina. Com sorte um rapaz nos vendeu 1,5 litros. Foram os litros mais caros que eu já vi, R$ 20,00, e olha que saiu barato, pois um outro rapaz queria cobrar R$40,00 só para ir buscar.
Passando de Curitiba a estrada melhora, só que já são mais de 400km rodados. As dores começam aparecer, tudo bem é o primeiro dia, depois acostuma-se. Nosso destino era Florianópolis, mas como a viagem estava legal, resolvemos rodar mais 500 km e chegar em Lages(SC). Em Floripa pegamos a rodovia 282, que por sinal foi uma ótima escolha, apesar de ser mais longa e com muitas curvas é muito bonita e tem menos caminhões. Para quem não está com pressa vale a pena, pois a paisagem e muito agradável. Um detalhe importante é que tem muitos tachões em alguns trechos da estrada e quase entortamos a roda.
Já cansados e quase chegando em Lages, acontece nosso segundo perrengue do dia, a chuva. Nossa sorte é que as capas estavam fáceis de pegar. Nosso objetivo era achar um hotel e tomar um banho quente.
Hospedamos no Grande Hotel de Lages, em minha opinião tinha um preço honesto pelo que ofereciam. A chuva só deu trégua para irmos jantar, depois voltou a chover. Ficamos preocupados com o dia seguinte, mas para nossa sorte o tempo estava bom.
Dia 19/12/07- 2º dia – Lages (SC) / Chui (RS)
Esta noite não tinha como não dormir, o cansaço foi demais e depois de uma noite boa de sono, a gente se renova, pode acreditar. Com um pouco menos de ansiedade e já com a experiência do dia anterior a viagem fica mais tranqüila, sem contar que a gente começa a entrar no clima. Como já alteramos o roteiro do dia anterior, estávamos meio sem destino, então resolvemos esticar um pouco mais. O dia estava nublado e conforme nos fomos descendo pelo sul, o dia começou a abrir e ficar maravilhoso. Resolvemos conhecer as serras gaúchas. Na minha opinião de garupa é imprescindível conhecer, pois foi uma das estradas mais lindas que já andei. Fiquei encantada com a região, achei uma pena não conhecer Gramado, pois estávamos bem pertinho, mas como viajar de moto a2 é chegar num consenso, optamos por não ir. Fica pra próxima, mas para compensar conhecemos Nova Petrópolis(RS) que é bem pequena e também tem seu charme. Seguimos para Porto Alegre e como tinha trânsito resolvemos seguir a diante até Chuí. Fomos pela BR101, que estava ótima. Outro lugar maravilhoso é a Reserva Ecológica do Taim. Apesar de ser uma reta é muito interessante. Tome muito cuidado e respeite a velocidade, pois é muito comum atropelar animais que geralmente atravessam a pista. Não seria nada agradável, pois infelizmente pode acontecer. Na região tem muitos pássaros, tatus, lobos e outros. Uma coisa que achei muito estranha é a quantidade de ratos que tinha na estrada antes de chegar ao Chuí. Deve ser por causa das plantações de arroz que tem pelo caminho.
Percorridos quase 1000km neste segundo dia, estávamos super cansados. Chegando ao Chuí tínhamos que procurar um hotel para ficar, mais uma missão, só que esta era quase impossível, pois todos os hotéis daquele lugar são horríveis. O Hotel Fipper. Fica um pouco afastado, mas de todos que visitamos era o que dava para ficar. O Chuí realmente é um lugar esquisito, as ruas são muito sujas, tem muitas lojas mas nenhuma passa muita confiança e quando elas fecham, a cidade fica super vazia. Não gostei nem um pouco deste lugar, tanto que nem saímos para jantar, comemos ali mesmo no hotel uma pizza, e é claro que nem preciso comentar.
Dia 20/12/07 – 3º dia – Chui (RS) / B. Aires (AR)
Logo no café da manhã conhecemos uma dupla de motociclistas que estavam vindo do Chile. As informações não eram muito boas, pois eles disseram que estava chovendo e fazia muito frio.Fiquei um pouco desanimada, mas foi bom porque pude me preparar psicologicamente. Nosso destino naquele dia era cruzar o Uruguai, mas por se tratar de um País pequeno, queríamos também conhecer alguns lugares. Para passar na divisa foi super tranquilo, sem problemas, até colamos um adesivo do Moto A2 no vidro, muitos clubes de moto fazem isso. Caso queiram informações tem um posto para turista ali mesmo com diversos mapas. Uma dica legal é visitar o Forte de Santa Izabel, fica apenas 30kms da fronteira. Fiquei impressionada com o local e custa apenas R$ l,00 para entrar. É bem conservado, principalmente por ter sido construído em 1762, muito diferente do que vemos no Brasil. A estrada no Uruguai é muito boa e a paisagem é muito linda. Logo partimos para Punta Del Este(UR), este é outro lugar que não se deve deixar de visitar. È uma cidade para o turismo com praias, cassinos, centros comerciais, muitos hotéis e restaurantes. Tem muitas casas maravilhosas, parece até coisa de cinema. Resolvemos então almoçar por ali. Um restaurante legal é o Los Caracoles, mas o que não falta em Punta são opções. Fiquei com vontade de ficar um dia por ali, mas pegamos novamente a estrada e agora nosso destino era Montevidéu(UR). Achei uma cidade legal, não deu para ver muitas coisas, pois queríamos ir ate Colônia para pegarmos o buquebus para a Argentina. Tem a opção de sair de Montevidéu, mas é muito mais caro e não vale a pena. O buquebus tem duas opções de viagem uma de 1h e outra de 3h. Optamos pela mais longa e que sais de Colônia(UR) por causa do custo e também pelo horário. Uruguai também usa o horário de verão então quando chegamos à Argentina ganhamos uma hora. É um passeio bem legal, e como nós rodamos muito os dois primeiros dias, valeu para descansar umas três horinhas. O tempo passou super rápido, nem percebemos, pois ficamos conversando com o pessoal que conhecemos no hotel de Chuí.
Um dos grandes momentos da viagem foi o por do sol que vocês poderão ver pelas fotos, este dia ganhamos este presente que seria o primeiro de muitos.
Chegamos tarde da noite em Buenos Aires(ARG) a procura do hotel Íbis. Tivemos muita dificuldade, mas enfim conseguimos. Confesso que não gostei de Buenos Aires achei o centro muito sujo e me deu um certo medo. Não é muito recomendável chegar tarde nessas cidades grandes, pois fica muito complicado se localizar. Nossos novos conhecidos estavam tomando aquela cervejinha, até nos convidou, mas preferimos descansar para o dia seguinte.
Dia 21/12/07 – 4º dia – B. Aires (ARG) / Sta. Rosa (AR)
Pensamos em ficar em Buenos Aires para tirar aquela má impressão da noite anterior, então andamos a pé pelo centro. Fomos conhecer o metrô, a Casa Rosada, as praças, os cafés. O ideal era fazer um city tour que você pode contratar pelo hotel em um ônibus totalmente aberto, mas quando percebemos já era tarde e tinha que agendar com antecedência.
Esta nossa caminhada pelo centro ainda não foi o suficiente para nos tirar aquela má impressão. Quanto mais andávamos, percebíamos os problemas de BS AS. Olhando para o topo dos prédios era inacreditável o número de fios que passavam de um para o outro, parecia aqueles famosos gatos que vimos aqui no Brasil. Andar pelas calçadas era realmente impossível, principalmente quando as ruas eram estreitas e os famosos carros velhos soltavam aquela fumaça, chegou uma hora que até passamos mal. A pior parte foi para sairmos da cidade, ninguém sabia dar informações corretas. No hotel Íbis os recepcionistas não sabiam. Resolvemos então arriscar, para nosso azar caímos na rota pesada onde só circulam os caminhões, um inferno, senti saudades de são Paulo. O que era aquilo, nem moto conseguia sair de lá. Fora a poluição, os caminhoneiros não paravam de buzinar. A nossa sorte é que um deles se comoveu com nossa situação e nos explicou como deveríamos fazer para sair de lá. Finalmente pegamos a Ruta 5, esta nos levaria para fora daquele lugar caótico. O ideal é para quem pernoitar em BS AS sair bem cedo pois como o comércio abre as 10hs, o trânsito pela manhã é bem mais calmo.
Pegamos a estrada em sentido a Neuquén, muitos pedágios, motos também pagam, portanto levem sempre alguns pesos. Agora não se assustem com as buzinas, é inacreditável, enquanto você paga, fica uma fila de carros buzinando na sua traseira. O engraçado é que tem placas gigantescas pedindo para NÃO BUZINAR, mas eles não estão nem aí, uma educação surpreendente. Todos nos falaram da monotonia até Bariloche, isso a gente já esperava, o que não esperávamos era o vento muito forte na região dos Pampas. Conforme explicação técnica do piloto “Andamos 180 km em 4ª marcha a 5.000 rpm a 80 km/h com a moto de lado, só a titulo de comparação, em condições normais em 6ª marcha a 5.000 rpm estaria a 160 km/h. Mas depois de uns 10 km você se acostuma, só se prepare quando cruzar com os caminhões baú, o deslocamento de ar é forte”. Baseado nestas informações, acredito que só viajamos com segurança neste trecho porque tínhamos uma excelente moto, caso contrário acho que seria um tanto quanto arriscado, tanto é que nossos planos era fazer mais 1000kms, mas desistimos. Depois de algumas horas e muitas paradas para alongar, chegamos a Sta. Rosa. É um lugar muito bom para se passar a noite. Acidade é bem movimentada. Minha dica é o Hotel internacional Cuprum. O atendimento é excelente e o preço também. O banho quente de banheira foi o melhor que podia me acontecer para relaxar. A cama era maravilhosa e deu pra descansar bastante e renovar as energias para o dia seguinte.
VERSÃO GARUPA
Dia 22/12/07 – 5º dia – Sta. Rosa (AR) / Neuquén (AR)
Nossa idéia era ficar mais um dia em Sta. Rosa para descansar, pois já era nosso 5 dia. Nós mudamos de ideia, percebemos que andar de moto se tornou um vicio, tínhamos sede de estrada. Ficar parado ali já se tornava algo estranho, então seguimos rumo a Neuquén. Antes disso, resolvemos visitar a Reserva Natural Provincial Parque Luro, achamos bem interessante e aproveitamos para esticar as pernas e ver de perto a vegetação da região. Incrível como é barato pra visitar esse parque 1 peso. Fomos muito bem recebidos pelo pessoal do parque, todos quiseram tirar fotos com a moto e se interessavam em pegar o endereço do site para visitar. O vento dos pampas estava bem mais tranquilo hoje e a viajem também. Não sei se já estava acostumada ou se as minhas novas técnicas de arrumar novas posições no banco para relaxar a coluna, as pernas e o pescoço, já estavam mais aperfeiçoadas. Tenho certeza que não da pra fazer essa viagem sem pelo menos o mínimo de preparo físico, tanto para o piloto como para a garupa. Com o vento forte o pescoço fica o tempo todo forçando para trás e o esforço que temos que fazer para mantê-lo no lugar durante muitas horas exige preparo, pois caso não haja um mau jeito ou uma fadiga muscular pode acontecer. Por isso antes, durante e no final de cada dia fazemos alongamento, isso ajuda muito a viagem ficar confortável. Hoje foi o dia que passamos pelo deserto da Argentina, realmente é bem monótono, melhorou um pouco quando entramos na Patagônia, a vegetação muda muito e a viagem fica mais interessante. Só tem que prestar atenção na autonomia da moto, pois os postos de combustíveis ficam muitos distantes uns dos outros. Não posso deixar de falar também do meu maior medo da viagem, apesar de que no Taim nos passamos pela mesma situação, mas os pássaros eram menores. Hoje eu realmente me assustei, o pássaro era muito grande e caso acontecesse dele bater no capacete a 160 km/h o estrago seria grande para ambas as partes.
Chegando a Neuquén, novamente o estresse de procurar o hotel. Tudo corre sempre bem na viagem, mas quando chega nesta parte, ai meu Deus, é um perrengue só. Tenho que aprender que cada região e diferente da outra, não adianta querer os mesmos custos e benefícios. Por esse motivo resolvemos não ficar em Neuquén e sim em uma cidade mais próxima, onde pernoitar fosse mais barato.
Dia 23/12/07 – 6º dia – Neuquén (AR) / Bariloche (AR)
Aconteceu uma coisa muito engraçada, para não deixar de registrar minha fama de briguenta, tinha que registrar logo na Argentina, nem sabia falar o espanhol e lá estava eu brigando com o recepcionista do hotel. Na hora fiquei super brava, mas depois ri muito da situação. Tínhamos acertado um valor na noite anterior e no dia seguinte como mudou de recepcionista, o valor já era outro. Não acreditei, só que quando cheguei já era tarde, a conta havia sido paga, mas não deixei de reclamar.
Pegamos a estrada em sentido a Bariloche, mais 400 km pela frente, queria chegar cedo, para não ter o estresse de procurar hotel. As paisagens e o vento eram os mesmos que tínhamos deixado para trás no dia anterior. Então imaginei que a rotina da estrada seria a mesma, engano meu, de repente tudo começou a mudar estávamos na Patagônia, era uma pena que nosso intercomunicador parou de funcionar, pois a minha vontade era de expressar todo meu deslumbramento com a região, então fiquei em pé na moto, abri meus braços e senti uma vontade enorme de chorar. Toda aquela liberdade em um lugar maravilhoso e com uma pessoa especial. Não dá pra explicar a emoção que senti. Por coincidência nesse dia estávamos ouvindo música e nada melhor para aquela ocasião do que ouvir Per Amore de Andréa Bocheli. A viagem inteira nós não tínhamos escutado nenhuma música , agora imagina música clássica com toda aquela paisagem, não agüentei chorei. De repente a moto pára, até pensei que tinha acontecido algo, mas para minha surpresa, meu piloto estava completamente emocionado, e olha que eu só tinha visto ele dessa forma quando tinha corrida de formula 1 e o Schumaker era o campeão. Ficamos na moto abraçados por um instante e agradecemos a Deus por tudo que estávamos vivendo e sentindo.Nunca mais vou esquecer este momento! Antes de chegar em Bariloche tem um lugarzinho bem bacana para ficar observando a paisagem. Vale a pena parar e recuperar o fôlego, pois pela frente vem muita coisa bonita.
Quando retomamos a viagem não sabia se tirava fotos ou curtia a paisagem e o que é melhor, a cada curva uma surpresa. Vi neve nas montanhas em pleno verão, dá para acreditar? Não sei no inverno, mas posso garantir que no verão Bariloche é linda.
Depois de ajeitar nossas coisas no hotel, aliás, é o que não falta lá, só tome cuidado que as vezes o hotel é mais barato e oferece muito mais que as hospedarias.
Devido ao horário que chegamos os restaurantes estavam fechados, isso acontece muito na Argentina, pois os horários deles são muito diferentes dos nossos. Pra fazer uma idéia, os restaurantes abrem às 21h
Dia 24/12/07 – 7º dia – Bariloche (AR)
Hora de olhar os e-mails para ver se tinha recados do Brasil e de partir. Estava muito difícil deixar aquele lugar maravilhoso, realmente gostei de Bariloche.
Além de ser um lugar lindíssimo, tem uma estrutura fantástica para receber os turistas.
Bariloche vai deixar muitas saudades e vontade de voltar, quem sabe no inverno.
Nosso destino era cruzar a fronteira e explorar mais um país, o Chile. A estrada margeando o lago é fantástica, dali se chega a Villa La Angostura, que por sinal é um lugar muito simpático, vale a pena parar para conhecer. Seguimos adiante e a cada vez ficávamos mais encantados com a região e pela primeira vez na minha vida eu vi a neve de perto. Não resisti parei e peguei com as mãos. Tudo aquilo era incrível, pena que não deu para curtir muito, pois tinha uns mosquitos gigantes que dava até medo.
Logo depois estava a fronteira chilena. Eles são super rigorosos, revistam tudo. Não pode entrar com nada que traga risco ao Chile, principalmente comida.
Aos poucos a vegetação vai mudando e a beleza incrível da Argentina fica para trás. Apesar de tão perto um do outro, eles são muito diferentes. Outra emoção foi avistar o vulcão Osorno. Como encanta, a vontade era de ir ate lá. Nossa parada seria Puerto Montt. Mudamos de idéia quando chegamos lá. O lugar não e nada bonito. Por ser uma cidade portuária, já dá para imaginar. Voltamos a Puerto Varas para procurar um hotel para dormir, nessa hora percebemos que a Argentina é muito mais barata do que o Chile. Resolvemos sair um pouco da cidade e ver se encontrávamos um hotel mais barato.
Isso já era 21h, mas nem parecia, a impressão que eu tinha é que no Chile escurece ainda mais tarde.
Seguimos para a Enseada e para a nossa surpresa estávamos no parque onde se encontra o vulcão Osorno. Aí realmente tive a certeza do poder de atração do vulcão. Nem imaginávamos que era por ali e quando menos esperávamos estávamos quase no seu topo. Era 21:30h e o sol já estava quase se pondo. Só não deu para subir até o topo porque precisava de um guia, mas fazer as fotos, contemplar aquela paisagem maravilhosa e brincar na neve, isso sim, sem dúvida não poderíamos deixar de fazer. Tínhamos que voltar,
o sol já estava se pondo, aliás, mais um presente que ganhávamos na viagem. Imagina um por de sol as 22hs? Dá pra imaginar a emoção?
Depois de toda aquela beleza eis que surge uma preocupação, não tínhamos combustível, mas para descer todo santo ajuda, não é? Estávamos com medo, pois não sabíamos onde era o posto mais próximo. Por sorte no final do parque tinha um bem escondidinho. Ufa!!!!
Aquela noite dormiríamos com mais uma experiência fantástica. Valeram as 12 horas em cima da moto.
Dia 25/12/07 – 8º dia – Bariloche (AR) / Puerto Varas (CH)
Nossa intenção era visitar os glaciais, então fomos para Puerto Montt pegar mais informações na Navimaq (empresa de transporte marítimo), só que o próximo passeio seria só em janeiro. Resolvemos então visitar Chiloé. Para se chegar lá precisava pegar um Ferry Boat. O local é meio estranho, o interessante é que tinha leões marinhos no porto. Feita a travessia chegamos e …., não gostei muito do lugar, então fomos para Ancud, 25 km a mais. O lugar também não era nem um pouco agradável, mas resolvemos que iríamos dormir lá. Passamos no posto de informações turísticas e o Carlos, um chileno muito simpático, nos deu varias informações sobre o lugar. Disse que era maravilhoso, mas pelo que tínhamos visto até aquela hora achei meio difícil acreditar. Ele nos sugeriu ver os pingüins em Las Pinguineras, falou que era possível ir de moto e que poderíamos seguir a van que levava os turistas, só que esqueceu de nos informar que a estrada era péssima, cheia de pedras roliças que mais pareciam bolinhas de gude. Tudo bem, seguimos viagem, já que estávamos ali não iríamos desistir. Faltando somente 50m para chegar a praia e pegar o barco para ver os pingüins, eis que a moto derrapa e cai. A nossa sorte é que na van tinha algumas pessoas que vieram nos ajudar, pois a moto era muito pesada e da forma que caímos era muito difícil de levantar sozinhos. Chegamos na praia e o barco já nos aguardava, Chiloé é um lugar muito frio, não é a toa que os pingüins gostam de lá, mas nós estávamos congelando. Voltamos o mais rápido possível, pois tínhamos que procurar um local para dormir. Chiloé, ou melhor, Ancud é um lugar muito simples e sem infra-estrutura para o turismo, apesar disso muitos europeus freqüentam aquela região. Para jantar foi um sacrifício, não encontramos nenhum lugar descente, o jeito foi comer papas fritas num restaurante muito estranho e voltamos para o hotel. No dia seguinte iríamos para Pucón.
Dia 26/12/07 – 9º dia – Puerto Varas (CH) / Chiloé (CH)
Nossa intenção era visitar os glaciais, então fomos para Puerto Montt pegar mais informações na Navimaq (empresa de transporte marítimo), só que o próximo passeio seria só em janeiro. Resolvemos então visitar Chiloé. Para se chegar lá precisava pegar um Ferry Boat. O local é meio estranho, o interessante é que tinha leões marinhos no porto. Feita a travessia chegamos e …., não gostei muito do lugar, então fomos para Ancud, 25 km a mais. O lugar também não era nem um pouco agradável, mas resolvemos que iríamos dormir lá. Passamos no posto de informações turísticas e o Carlos, um chileno muito simpático, nos deu varias informações sobre o lugar. Disse que era maravilhoso, mas pelo que tínhamos visto até aquela hora achei meio difícil acreditar. Ele nos sugeriu ver os pinguins em Las Pinguineras, falou que era possível ir de moto e que poderíamos seguir a van que levava os turistas, só que esqueceu de nos informar que a estrada era péssima, cheia de pedras roliças que mais pareciam bolinhas de gude. Tudo bem, seguimos viagem, já que estávamos ali não iríamos desistir. Faltando somente 50m para chegar a praia e pegar o barco para ver os pinguins, eis que a moto derrapa e cai. A nossa sorte é que na van tinha algumas pessoas que vieram nos ajudar, pois a moto era muito pesada e da forma que caímos era muito difícil de levantar sozinhos. Chegamos na praia e o barco já nos aguardava, Chiloé é um lugar muito frio, não é a toa que os pinguins gostam de lá, mas nós estávamos congelando. Voltamos o mais rápido possível, pois tínhamos que procurar um local para dormir. Chiloé, ou melhor, Ancud é um lugar muito simples e sem infra-estrutura para o turismo, apesar disso muitos europeus frequentam aquela região. Para jantar foi um sacrifício, não encontramos nenhum lugar descente, o jeito foi comer papas fritas num restaurante muito estranho e voltamos para o hotel. No dia seguinte iríamos para Pucón.
Dia 27/12/07 – 10º dia – Chiloé (CH) / Villarrica (CH)
Na travessia para Puerto Montt encontramos um casal de ingleses que estavam viajando a pelo menos 9 meses. Que loucura! Eles devem ter milhares de histórias para contar. Conversamos um pouco com eles, mas logo a balsa chegou e tivemos que partir. Percebi que existe alguma coisa diferente em estrangeiros que fazem esse tipo de viajem, eles são mais flexíveis, integram com mais facilidade, são mais abertos.
Ainda não estávamos muito satisfeitos com o Chile, esperávamos mais e nossa próxima expectativa seria Pucón. No caminho a paisagem melhorou e após alguns km avistamos o vulcão Villa Rica. A visão era deslumbrante. Mais alguns kms e chegaríamos em uma cidadezinha muito simpática, Villa Rica. Já percebemos de cara a diferença na estrutura. Fomos ao centro turístico para pegar informações das opções de passeios, mas com certeza uma delas seria subir o vulcão. Logo que entramos já vimos nossos conterrâneos aí foi aquela bagunça. Brasileiro e super festeiro, né? Qualquer motivo é motivo, até nos convidaram para alugar uma cabanã junto com eles. È isso mesmo, CABANÃ. É o que mais tem na região. Geralmente as pessoas alugam para passar as férias. Quando o grupo é grande vale a pena, pois o custo da diária compensa.
Optamos por ficar em Villa Rica na hospedaria do Juan. Pucón fica apenas 14 kms de Villa Rica e lá é o centro do turismo local por ter muitas opções de lazer, como por exemplo: esportes de aventura, cavalgadas e escaladas. Lá ficam as agências que programam os passeios. Depois de escolher resolvemos que tínhamos o resto do dia para descansar.
Foi muito bom por que passeamos pela cidade e escolhemos um restaurante que como paisagem frontal tinha o deslumbrante vulcão. A noite fomos a um outro restaurante típico da região, com música e tudo. Pela primeira vez estava comendo bem. Eles têm um pãozinho chamado sopaipilla que é uma delícia, quente então nem se fala. Aí minha impressão foi mudando em relação ao Chile. Nosso plano para o dia seguinte era ir até Pucón e escalar o vulcão.
Dia 28/12/07 – 11º dia – Villarrica (CH) / Pucón (CH)
Pucón é uma graça, cheio de restaurantes, bares, lojas, e principalmente agência de passeios. Eles praticam os mesmos preços, mas optamos pela Rumbro Sur, que além de ser uma empresa séria, naquele momento ela tinha um preço diferenciado das outras.
Por ser uma cidade turística o atendimento foi outro, completamente diferente de Chiloé, Puerto Varas, Puerto Montt, ficamos quase uma hora conversando com os operadores. Naquele dia não era mais possível fazer a escalada, pois começava às 4h da manhã, horário em que a neve não está derretida na superfície facilitando assim a escalada. Há possibilidade de subir as 7hs, mas fica um pouco difícil. Pensamos em visitar as termas, nos indicaram as Geométricas, esta fica 90kms de Pucón e por ser muito bonita vale a pena passar mais tempo. Só que infelizmente não fomos, sabe como é; devido aos custos nem sempre dá para fazer todos os passeios.
Voltamos para Villa Rica para descansar, no dia seguinte deveríamos estar preparados.
Este dia bateu uma saudade enorme de casa, afinal já eram muitos dias longe de todos e sempre mudando de hotel. Chega uma hora que rola um stress, não são mil maravilhas como todos pensam, de vez em quando surge algumas discussões e também temos que estar preparados para isso. No fim tudo se resolve.
A noite fomos a um Cyber para descarregar as fotos. Nos divertimos muito, pois os adolescentes não entendiam o que queríamos, fizemos até mímica para explicar. Na Argentina parece que eles nos entendem melhor, já os chilenos têm muita dificuldade. Passamos depois no supermercado e compramos um vinho chileno, Diablo, uns frios e voltamos para o hotel. Foi legal, pois o Marco e o seu pai, proprietários do hotel, sentaram com a gente e ficaram conversando. O legal de hospedaria é este convívio com outras pessoas, como eles dispõem de cozinha para os hóspedes prepararem seu próprio alimento, acaba virando uma confraternização, afinal tudo começa na cozinha.
Dia 29/12/07 – 12º dia – Villarrica (CH)
Finalmente chegada a hora, as 3h da manhã o despertador toca, já estávamos pronto quando de repente uma surpresa. Não seria possível a escalada. Não acreditamos, pois não estava chovendo e nem nublado em Villa Rica. Mas existe uma diferença de clima entre Villa Rica e Pucón. O guia ligou para o Juan, dizendo que estava muito nublado e que seria impossível escalar. O engraçado é que eu tinha sonhado exatamente aquilo naquela “noite”. A principio não aceitávamos, ate liguei para o guia para ver se tinha possibilidade de sairmos mais tarde, mas não consegui. Estávamos inconsoláveis. Realmente o guia estava certo, amanheceu com o tempo muito nublado, porém, não chovia, então Juan nos disse que Marco, seu filho, poderia nos guiar por uma outra trilha, mas não até o topo, só uma caminhada de 4 a 5 horas. Convidamos a Marie e o Ralf, a principio eles não quiseram, depois mudaram de ideia.
Confesso que estava meio preocupada para fazer esse passeio, pois com altura não se brinca, não devemos desafiá-la e se o tempo estava daquele jeito é que o vulcão não queria ser visitado, deveríamos respeitá-lo. Pedi para avisar que não ia mais, pois não tinha o sapato adequado para andar na neve. De repente aparecem com umas botas e disseram que todos iríamos e que era apenas um passeio tranquilo. Fomos por um bosque muito lindo, o caminho era bem difícil, pois tínhamos que andar em pedras, e o mais interessante é que eram lavas vulcânicas, e o Juan nos explicava todas as formações. O lugar era simplesmente maravilhoso e esta parte não seria vista pelo outro passeio com a agência, pois uma van nos levaria até a neve e depois começaríamos a escalada, a vantagem era que estaríamos com roupas apropriadas, diferente do que acontecia naquele passeio. Por exemplo, o sapato que me deram para usar era simplesmente 2 números maior que o meu, agora imagina andar por horas assim e ainda tomando chuva. Tudo bem, valeu a pena.
Chegou uma hora que uma parte voltou e outra continuou, pois o vento estava muito forte
e na minha opinião já estava ficando perigoso. Acho que tudo aconteceu para que voltássemos uma outra vez para o Chile. Deve ser surpreendente chegar até a cratera.
Dia 30/12/07 – 13º dia – Villarrica (CH) / Santiago (CH)
Amanheceu chovendo muito, teríamos que ir embora mesmo assim, pois tínhamos passagem para o Atacama. Como tínhamos poucos dias de viajem não íamos fazer esse percurso de moto. Eram 1000 km pela frente, não sei se com chuva ou não, mas de qualquer forma teríamos que ir. Quando se viaja de moto tem que estar preparado para tudo. Muitas das nossas roupas estavam molhadas por causa do passeio do dia anterior, as luvas principalmente. Nossa sorte é que só pegamos chuva nos 200 km e logo em seguida o calor do norte do Chile começava a me agradar, pois o Sul é muito frio. Esquentou tanto que precisamos tirar todas as roupas de frio. Vimos em diversas placas os locais que queríamos visitar como Curaucutin, Parque Congligio e Chillan, mas desta vez não foi possível, primeiro que o tempo não estava bom e também por que não tínhamos tanto tempo.
Paramos para tomar lanche as 16h, estávamos mortos de fome. O posto COPEC, uma rede de postos no Chile, tem um fast food bem estruturado. Pedimos um sanduíche, o estranho é que no lugar da maionese vem palta, tipo de um creme de abacate, fica muito gostoso. Chegamos em Santiago às 19h, era domingo e a cidade estava vazia. Uma cidade muito limpa e também me pareceu bem organizada. Tínhamos que pedir informações, pois estávamos chegando aquela hora e não conhecíamos nada, um carabinero (policial chileno), tentava nos ajudar, quando de repente um casal de brasileiros de Joinville – SC, viu nossa placa e resolveu se aproximar. Muito simpáticos, até nos ofereceram o celular. Muito legal mesmo aproveitamos e tiramos fotos com eles. Estava super cansada quando chegamos na casa dos nossos amigos, nada de descanso, eles queriam fazer festa, conversamos até altas horas. Tínhamos que acordar as 4:30h, mas valeu a pena por que rimos muito. O espanhol deles era muito rápido, quase não entendíamos nada. Depois de um tempo já estávamos até discutindo Política. O táxi iria chegar as 5 horas para nos levar ao aeroporto e logo estaríamos pousando no deserto do Atacama.
Dia 31/12/07 – 14º dia- Santiago (CH) / San Pedro Atacama (CH)
Infelizmente tivemos que ir de avião para o deserto, isso porque tínhamos pouco tempo e de Santiago para São Pedro de Atacama são mais 1800 km só de ida. Levaria mais ou menos 2 dias para chegar. Caso tenham tempo é legal ir de moto e conhecer algumas cidades pelo caminho como Antofagasta, que é uma cidade grande, nos disseram que é interessante, como não passamos por lá não posso descrever o local. Têm outras menores que geralmente as pessoas pernoitam para depois chegar ao deserto que seriam La Serena e Bahia Inglesa.
Chegamos por volta das 7h30min em Calama. Acontece que para São Pedro é mais uma hora de ônibus. Nossa sorte é que um amigo que estava de férias por lá e resolveu nos buscar no aeroporto. Alguns hotéis têm o serviço de translado, isso ajuda muito. Ruim é ficar esperando, pois o deserto é muito frio/quente e seco. Uma dica, quando chegar no aeroporto ou se for de moto tenha sempre uma garrafa de água, melhor ainda, um camel bag. Não estranhe se não se sentir bem, pois muitas pessoas estranham o lugar, tem que ter um período de climatização. Um dos sintomas é a garganta, o nariz e a pele ficarem muito secos. Tem que hidratar o tempo todo. Hospedamos no Hotel Corvatsch, que apesar de ser um hotel simples fica muito bem localizado. A cidade é bem pequena, mas é bom ficar ali pelo centro para poder fazer tudo a pé.
Tive uma sensação estranha quando cheguei no deserto, não sei se era porque a viagem toda tínhamos visto muito verde e de repente tudo era de uma cor só, bege. Talvez se tivéssemos ido de moto não teria ficado tão chocada, pois veria a paisagem se transformando aos poucos pelo caminho. Nosso amigo estava ali a quatro dias e já conhecia quase tudo, foi bom porque ele pode nos dar várias dicas. Pela manhã ficamos na cidade e escolheríamos um restaurante para a virada do ano. Escolhemos um bem simpático próximo a igreja, até que tivemos sorte, pois tudo já estava lotado. Na parte da tarde fomos conhecer o Valle de La Luna. O interessante é ir com uma agência de passeios e fazer o todo trajeto, pois tem muitas dunas, cannyons para ver. Na parte das rochas fique atento ao barulho, é que por causa da fraca formação e do vento parecem que vão desmoronar, dá para ouvir os estalos.
No final do passeio chega-se ao Valle para ver o por do sol. Naquele dia tinha mais de 300 pessoas. Não achei tão interessante assim, deve ser porque vimos no decorrer da viagem por do sol mais bonitos. Este passeio é bem cansativo devido a longa caminhada na areia e no final do por do sol, fiquem atento, pois de repente começa a ventar e o tempo fica frio muito rápido.
Voltamos para o hotel e tínhamos que nos preparar para a virada. Não deu tempo nem de descansar, foi bom porque estávamos mortos de fome. Neste jantar deu para conhecer muitas coisas típicas da região, como por exemplo: a comida, a música, a dança e o famoso pisco sour. É uma bebida alcoólica, como se fosse a nossa caipirinha, uma delicia, mas tome cuidado que não é fraca não. Quando estava ficando bom, quando o pisco estava fazendo efeito, fomos para o hotel onde estavam nossos amigos. Agora acredite, naquele fim de mundo tem um hotel que impressiona, super sofisticado, cheio de gringo. Estava muito bom, mas a festa terminou bem cedo, aliás, só os brasileiros ficaram para comemorar os outros nem esperaram dar meia noite.
Quando cheguei ao deserto imaginei como é difícil morar naquele lugar, me perguntei como as pessoas conseguem viver aqui, tudo tem uma única cor, é impressionante, será que não enjoa? Mas à noite me deu uma resposta, foi o céu mais lindo que eu já vi em toda minha vida, vale a pena esperar o dia inteiro passar para poder observar o céu. Não há um espaço sem estrelas. Quando é que vejo isto em SP? Até mesmo no interior não é igual. O céu é único naquele lugar. Vimos até estrela cadente.
Dia 01/01/08 – 15º dia – Atacama (CH) / Lagunas Cejas
Acordamos super tarde, afinal estávamos muito cansados Nossos amigos partiriam naquela manhã. Iríamos sentir falta, mas breve estaríamos juntos de novo. Não tínhamos agendado nenhum passeio para aquela tarde, apesar de ser uma cidade turística, estava praticamente tudo fechado, nossa sorte é que conseguimos marcar um passeio de última hora.
Laguna Cejas não pode deixar de ser visto. É uma lagoa de cor esmeralda com bordas cristalizadas de sal. A água é tão salgada que é possível boiar e não afundar. Isso ocorre
devido o excesso de sal na água. Aconselho a levar um chinelo para não machucar o pé, pois as pedras de sal podem cortar, também não mergulhem porque os olhos ficarão irritadíssimos. Continuando este caminho vamos para 02 lagoas onde as águas têm menos sal. A região é bem bonita, mas o lugar que mais gostei foi o último, os salares. Ali eu vi o por do sol mais bonito do Atacama. Sei que faltaram alguns lugares para visitar, mas o por do sol neste lugar é um espetáculo, muito diferente do que vimos pelo caminho. Apesar da neve ser branquinha como o sal, o efeito é diferente, não sei explicar, mas pode ser que o sal branco vai ficando meio azulado no final do dia. Fora isso, como o lugar é imenso, dá para brincar com fundo infinito e com as sombras como vocês vêem nas fotos. Algumas das agências preparam uns pesticos para comer ali mesmo e tem até pisco mango, uma das variedades da bebida que ficou bem interessante.
Dia 02/01/08 – 16º dia – Atacama (CH) / Lagunas Altiplânicas
Agora sim, já tínhamos programado os passeios de todos os dias até o nosso embarque.
Acordamos muito cedo, aliás, um conselho que eu dou é não passar a lua de mel neste lugar, é que tem que acordar muito cedo e os passeios são muito cansativos. Este por exemplo é um deles, Lagunas Altiplánicas. O lugar é fascinante, tem um trecho que eu ficaria horas parada no mesmo lugar, mas em contrapartida tem também um trecho chato.
Pode até ser que não seja, mas o cansaço o transforma. Dos lugares que nós visitamos este era o mais estruturado. Tinha uma sala com uma TV e vídeo onde um monitor explicava antes do passeio tudo sobre o que iríamos ver. Logo em seguida um guia da comunidade nos acompanhava para tirar todas as dúvidas. Neste parque explicavam toda a cadeia alimentar do deserto. Muitos pássaros ficam por ali por causa dos alimentos, inclusive os Flamingos, um dos pássaros mais requisitados na região. Em seguida fazemos longas caminhadas para outras lagunas. Neste passeio nosso organismo fica um pouco debilitado, pois fica a 4000m de altitude, sem contar o frio que é bem intenso. Conseguimos ver um zorro (raposa), não foi sorte não, essa é praticamente adestrada. O que percebi é que os guias a alimentam, então quando as vans chegam, ela corre para receber a comida, mais uma vez o homem interferindo na natureza. Imagina o dia que não tiver passeio para lá, o bichinho nem consegue caçar mais. Depois fomos para uma laguna incrível, nas fotos até parece desenho, a paisagem é muito interessante. A lagoa é de um azul intenso e tem as bordas brancas por causa do sal. Toda essa água é o gelo derretido das cordilheiras. A vegetação da região só vem complementar a beleza. Pena que ficamos pouco tempo. Tínhamos que visitar outros lugares, percebem que é muita coisa no mesmo dia, por isso se torna um passeio cansativo, mas tudo bem, seguimos viagem desta vez para um oásis, isso mesmo, Quebrada de Jere, com direito a frutas, muito verde, água doce e diversão. Só um detalhe, não pode comer nada, pois é propriedade particular, caso queira tem que pagar. A diversão foi por conta do povo da região que estava passando o dia por ali. É que tinha um homossexual se banhando nas águas de calcinha e camiseta e a pivetada se juntou para judiar do sujeito, imagina a cena. Pode-se ver também algumas pinturas rupestres nas rochas, muito singular, eu achei. Passamos também por uma comunidade muito pobre, visitamos uma igreja e uma coisa que me chamou a atenção foi um presépio que eles montaram, eles representaram toda a situação da região em volta da tradicional manjedoura, tinha até flamingo. Mesmo cansados do passeio não deixamos de sair para jantar e comemorar o aniversário do Piloto, afinal não todo dia que se comemora no deserto.
Dia 03/01/08 – 17º dia – Atacama (CH) /Geysers / Santiago (CH)
Nosso último dia no Atacama e confesso que já estava meio enjoada do lugar. Na minha opinião, para quem está de moto e tem muitos lugares para visitar pela frente, o ideal é 03 dias. Faltaram alguns pontos turísticos, mas não dá par ver tudo mesmo, o jeito é seguir viagem e explorar outros territórios.
Este último passeio foi um daqueles difíceis, primeiro tínhamos que acordar às 3h da manhã e enfrentar uma estrada muito “peligrosa”, sem contar o frio que era de rachar.
Os Geysers Del Tatio é muito curioso, trata-se de vapores de água que saem a superfície através de fissuras e chegam a 85ºC, só que acontece ao amanhecer e numa temperatura abaixo de zero. Neste dia não demos sorte, a temperatura ficou -3ºC e o efeito dos gases ficou bem fraquinho. É que quanto mais frio mais alto vão os vapores, chegam até 10m de altura. Ali não se pode banhar devido a temperatura, mas logo seguimos para uma piscina natural de água termal e assim os corajosos podem tirar a roupa e desfrutar do lugar, teve alguns que entraram até de roupa. Difícil era seguir viagem todo molhado, pois o local não dispunha de infra-estrutura para a troca das roupas. Ainda não terminou, a van nos levou para o povoado atacamenho que fica a mais de 4000m de altitude assim como os geysers.
Machuca é bem pequenino e estava praticamente despovoado porque devido ao turismo de São Pedro todos se deslocavam para lá e abandonavam as atividades agrícolas, o pastoreio e a produção de queijos. Mas esta situação já estava se revertendo porque estavam fazendo projetos de infra-estrutura para manter o povo ali. Agora não sei explicar a sensação que aquele lugar causa, é diferente, dá vontade de ficar ali dias para entender como se vive naquelas casas rodeadas pela paisagem maravilhosa, tem até pasto e um córrego para as lhamas. Seria interessante viver esta experiência. Voltamos para São Pedro e logo pegaríamos o ônibus para Calama, esta foi a nossa opção, pois a van era um absurdo de caro e não tinha o mesmo conforto. Se der tempo almoce em São Pedro porque o aeroporto deixa a desejar. Nosso vôo atrasou e tivemos que passar por mais uma emoção no aeroporto. Enquanto esperávamos a companhia aérea fazia a troca de uma peça na aeronave. Emocionante, não? Em Santiago veríamos nossos amigos novamente e o melhor com direito a festa e boa conversa a noite toda.
Dia 04/01/08 – 18º dia – Santiago (CH)/Val Paraiso/Vinã del Mar (CH)
Nossa intenção era acordar e sair logo cedo, mas a noitada foi longa e resolvemos ficar mais um dia, também com aquela recepção 5 estrelas de nossos amigos chilenos, não dava para não aproveitar. Resolvemos conhecer Valparaiso e Vinã que faz parte do litoral de Santiago, mas não de moto, fomos de carro com nossos amigos. Fica bem pertinho, praticamente 1 hora. Só que no caminho desviamos para conhecer a piscina de 1 km de extensão que fica em Algarrobo. Um lugar muito bonito, pensamos até que era um hotel, mas não é não, trata-se de um condomínio com 1700 aptos. Se quiserem passar as férias é possível porque alguns investidores compraram para alugar na alta temporada. Dali nós fomos conhecer Valparaiso que é uma cidade antiga e portuária. Ela se divide em duas partes e para ir para a parte de cima é necessário pegar um FUNICULAR, espécie de teleférico de madeira que anda na vertical. É possível ir de automóvel só que a pessoa tem que conhecer bem a cidade. Bem coladinho a Valparaiso está Vinã Del Mar, uma cidade sofisticada com paisagens maravilhosas. As praias são bem agitadas e badaladas pela moçada. Apesar do Pacífico ser extremamente gelado, as pessoas não deixavam de entrar na água. Colocamos somente o pé na água, o suficiente para desistirmos, muito diferente do nosso atlântico. Seguimos a orla e chegamos em Cocón onde ficam os restaurantes que servem frutos do mar. São bem simples, mas muito conhecido e frequentados pelo povo de Vinã e turistas. A mariscada é um dos pratos mais consumidos, não foi o meu predileto, gostei mesmo foi das machas a la parmegiana, só de lembrar dá água na boca. Voltamos para Santiago bem no finalzinho da tarde, já não dava mais para pegar a estrada e seguir para Mendoza. Estávamos morrendo de saudades da moto, afinal já eram 05 dias que ela descansava. A noite teria mais uma festa, aí como todo bom brasileiro não podíamos dispensar, até a moto aproveitou dando uns roles com a criançada.
Dia 05/01/08 – 19º dia – Santiago (CH) / Mendoza (AR)
Neste dia começaríamos nossa viagem de volta, deixaríamos o Chile e entraríamos novamente na Argentina. Nos perdemos pelo caminho, mas pra nossa sorte conhecemos um argentino super legal que nos ajudou muito, inclusive com algumas dicas. Ele só sentiu muito porque queria estar na casa dele em Mendoza para poder nos hospedar. Estava encantado com as nossas histórias de aventura. Disse-nos que era um sonho que queria realizar. Era o dia de conhecer também a famosa e assustadora Caracoles.
Lógico que tem que andar bem devagar, primeiro porque a paisagem tem que ser contemplada, depois por causa dos caminhões e do perigo que uma estrada assim proporciona. Sabe-se de muitos casos de acidentes nesta estrada e os brasileiros têm a fama dos mais apressadinhos. Estava com um pouco de medo, não sabia se tirava fotos ou se prestava atenção na estrada e na paisagem, se vocês não sabem garupa também pilota. Como estava lá e não é todo dia que se passa por uma estrada assim, resolvi curtir a paisagem e nem lembrei de registrar com a máquina fotográfica. Fiquem atentos que esta estrada fica logo depois da aduana, imaginei que fosse bem pra frente, e por falar nisso, em toda a viagem foi o único lugar que nos pediram a carta verde. Como os argentinos são engraçados, toda vez que passamos pela fronteira ele insistem em nos perguntar quantos passageiros, desta vez não aguentamos e rimos inclusive o oficial, me parece que eles têm a obrigação de fazer esta pergunta. Um lugar que nós ficamos horas foi no parque do Aconcágua. Não deixem de passar por lá. Muitos passam direto e perdem a beleza maravilhosa daquele santuário. Não precisa escalar, é claro, mesmo porque isso levaria dias, mas você pode fazer uma caminhada que nas placas informam que é aproximadamente de 1 hora. Impossível porque o lugar é deslumbrante e a gente não consegue sair de lá. Agora fico imaginando aquele lugar com neve, muita neve, deve ser mais lindo ainda. Seguimos para Mendoza um pouco tarde porque naquele dia mesmo queríamos visitar uma vinícola, infelizmente não deu, mas uma dica e não deixar de conhecer. Amigos que já foram e falaram que vale a pena, principalmente por causa dos preços. Começou novamente o martírio, a caça a um hotel para dormir, estava praticamente tudo lotado e devido à alta procura os preços estavam altos. Finalmente arrumamos uma hospedaria, não tão longe do centro como ficava o hotel Íbis. Preferimos ficar por ali porque Mendoza é famosa pelos seus bares e restaurantes e sabe como é, poderíamos beber mais a vontade.
Dia 06/01/08 – 20º dia – Mendoza (AR) / San Francisco (AR)
Estava em nossos planos ir até Córdoba, mas mudamos de idéia. Por várias vezes, desde o início do planejamento desviamos nosso trajeto. Esta é uma das vantagens de viajar a dois, caso estivéssemos em turma teríamos problemas para realizar estas mudanças. Conforme conhecíamos os locais e as pessoas iam surgindo novas opções. Nos deram uma dica de ir margeando o Uruguai e apesar de ser mais longo, valia a pena porque era muito bonito. Então lá vamos nós!
O calor estava insuportável este dia e tive que arrumar um jeito de me refrescar enquanto seguia viagem. Nem pensar andar sem a jaqueta, depois de certo tempo andando com os equipamentos adequados fica difícil tirar, mas as luvas não me importei em não usar. A melhor saída foi comprar uma garrafinha de água gelada e colocar por dentro da jaqueta, assim que ela começava a esquentar eu jogava um pouco de água pelas mangas e esticava os braços para entrar um ventinho. Dá pra imaginar que o calor tava de matar.
E pra piorar aconteceu o que imaginávamos que poderia acontecer na viajem, acabou a gasolina, só que estávamos num pedaço deserto e por ser domingo o movimento de carros era muito pequeno. Imaginávamos que logo pela frente teria um posto por causa das placas de propaganda na estrada, engano nosso, pois estas placas constavam informações erradas, ou melhor, enganosa.
Resolvemos pedir carona, mas não tivemos sucesso, então um tinha que ir a pé e outro ficar cuidando da moto. Nossa sorte foi que aconteceu perto de uma das poucas árvores que tinha na estrada, o jeito era fugir do sol e ficar debaixo dela. Simulei com o capacete e a jaqueta que tinha mais uma pessoa junto comigo, afinal de contas eu não sou a mulher maravilha e fiquei com um pouco de medo. Poucos minutos depois parou um caro do outro lado da pista e como eu estava deitada só percebi quando estava perto. Fiquei super assustada, pois hora que pedimos carona ninguém deu, mas a hora que eu estava sozinha pára alguém? Estranho não? O pior é que eu estava descalça e nos arredores da árvore só tinha espinho, se eu quisesse não dava nem para correr. O homem vinha em minha direção, pronto ferrou, pensei. Agora acredita se quiser, o argentino só queria saber se estava no sentido certo para Mendoza. Pode? Só fiquei sossegada quando ele atravessou a pista e foi embora e nem lembrei de pedir ajuda para o combustível.
Passou uma hora, duas aí comecei a ficar preocupada, me arrependi de não ter ido junto.
Olhava no horizonte e nada, ninguém aparecia por lá. Foram 3 horas de espera, 20 km de ida e volta. Pensei, melhor foi ter ficado ali esperando. Tivemos que viajar a noite por conta do atraso. Chegamos em San Francisco, uma cidadezinha muito pequena porém muito movimentada, é o lugar onde tem mais motonetas por m2. O mais assustador é que na Argentina não se usa capacete, muitos andam de chinelo, sem camisa, de bermuda nas autopistas numa velocidade de mais ou menos 80km/h.
Dia 07/01/08 – 21º dia – San Francisco (AR) St. Tomé Corrientes (AR)
Pela manhã resolvemos mudar novamente nosso trajeto, iríamos por Foz do Iguaçu e não mais margeando o Uruguai. Conheceríamos o túnel que passa por baixo do Rio Paraná.
Este dia foi um dos mais inusitados da viagem, tudo de estranho aconteceu.
Paramos em Federal para abastecer a moto só que não tínhamos dinheiro local e o posto não aceitava cartão, só um detalhe, a moto já tinha sido abastecida. Um frentista muito gentil e conversador trocou dólar pra gente, aproveitamos e pedimos pra ele uma sugestão de um lugar para comer. Só tinha uma opção e por sinal um lugar péssimo. Além do restaurante, se assim podemos chamar, ser escuro, não tinha cardápio. O proprietário ficava do lado da mesa dando algumas opções de pratos. Escolhi batatas fritas para não ter erro, já o piloto escolheu macarrão a bolonhesa, dá pra imaginar o que veio, né? Uma gororoba com carne moída quase crua. Estávamos tentando comer aquilo que eles chamavam de comida, quando de repente entra um sujeito de 2m de altura com um vozeirão super alto dizendo assim:
__ Eu sei muito bem o que vocês andam fazendo por estes caminhos, tô de olho em vocês
a um tempão, desde o Brasil. E começou a descrever coisas que tínhamos feito nos últimos dias.
Como eu estava de frente para o sujeito tive a certeza de que não o conhecia e pra ser sincera fiquei assustada, afinal quem era ele pra chegar falando daquele jeito com a gente. De repente o piloto que estava de costa levanta e aponta o dedo para ele dizendo:
__Você não sabe quem eu sou, mas eu sei muito bem quem você é.
Fiquei intrigada e o sujeito da voz grossa também. O que estava acontecendo ali. Imaginei que fosse acontecer uma briga, mas ele estava sozinho. Será que era da polícia?
Nada disso, realmente os dois não se conheciam pessoalmente. Vou explicar melhor, é que o meu parceiro o conhecia pela voz, aliás, uma linda voz, não é por acaso que ele é locutor de comerciais, um dos melhores eu diria. E por coincidência os dois têm um amigo em comum. Imagina! Tudo isso aconteceu por causa do converssê do frentista do posto. Logo em seguida chegou sua esposa que estava lá fora e almoçamos todos juntos.
E conversa vai, conversa vem, descobrimos que na noite passada nós dormimos no mesmo hotel e que na estrada quando pedíamos carona por causa da falta de combustível eles passaram por nós. Dá pra acreditar? Só não pararam para ajudar porque na Argentina é muito comum as pessoas pararem na beira da estrada e fazerem pique-nique. O mundo é realmente pequeno.
E tem mais coisas pela frente. Quando menos esperávamos em um pedágio, um policial mais dois homens entraram praticamente na frente da moto para que parássemos. Não estávamos entendendo nada, até achávamos que não era com a gente e nem iríamos parar, mas eles insistiram. Quando paramos ele nos disseram que seríamos multados por não ter pago o pedágio anterior. Como assim? Na Argentina inteira não se paga pedágio, se ainda fosse no Chile, tudo bem, até entenderíamos. Portanto prestem atenção neste trecho, tem um pedágio que se paga. Explicamos a situação para eles, mas mesmo assim queriam que pagássemos. Quando disse que não tinha dinheiro local e logo fui pegando todas as moedas que tinha no bolso, eles viram que a gente não tinha agido de má fé e no final acabou só cobrando o pedágio e nos liberando da multa. O policial argentino foi super gente boa e enquanto conversávamos nos disse que tinha vergonha da farda que vestiam devido à fama de corruptos que eles carregavam. Em nossa opinião, não tivemos esta experiência negativa na Argentina, pelo contrário, fomos super bem tratados e orientados pelos policiais.
Quando chegamos em São Tomé já era noite e pelo tipo da cidade imaginei que teria uma noite de cão, pois os locais que vimos para dormir era assustador, mas de repente viramos uma esquina e deparamos com o Hotel Cassino Condado. Que maravilha, aquela seria uma das noites mais luxuosas na viagem. Agora não dava pra imaginar que em um lugar como aquele teria um cassino, muito menos um hotel tão bom e barato.
Dia 08/01/08 – 22º dia – St. Tomé Corriente (AR) / Foz do Iguaçu (BR)
Hoje cruzaríamos a fronteira da Argentina com Brasil. Estava tudo parado e o calor da espera insuportável. Um detalhe importante da viagem, desta vez eles nos pediram o Seguro Carta Verde. Viu como é importante fazer!
Tentamos conhecer as cataratas pelo lado da Argentina, mas infelizmente não deu, pois eles só aceitavam moeda local e nenhum tipo de cartão. Azar o deles, então nós fomos visitar pelo lado do Brasil, que inclusive os argentinos dizem que é o mais bonito de se ver. Expertos, não? Afinal do lado de cá se vê o lado de lá, então se subentende que eles têm o lado mais bonito. Só que esta dúvida por enquanto eu não vou poder esclarecer.
Agora a estrutura brasileira é bem melhor, pois eles aceitam todas as moedas e também os cartões. Dentro do parque tem várias opções de passeios de aventura, só que todos pagos separadamente. Um pouco caro por sinal. Resolvemos fazer o básico, somente visitar os pontos mais comuns, afinal chegamos um pouco tarde. As cataratas dão um show, é simplesmente maravilhoso, impossível perder uma foto sequer. Primeiro pegamos um ônibus super confortável para depois fazer uma trilha e chegar nas cataratas. O caminho da descida é muito abafado, cheguei até a sentir falta de ar. Deve ser por causa da mata fechada, mas em compensação o spray natural que a gente sente depois vale a pena. Agora eu entendo porque algumas pessoas iam de roupa de banho. É que se acaba molhando dos pés a cabeça. Vimos um arco-íris como eu nunca tinha visto antes, as duas pontas chegam quase a se encontrar. Valeu a pena, apesar de eu não achar tudo natural, pois a estrutura turística que montaram tira um pouco da naturalidade do local.
Saímos do parque e queríamos ir até o Paraguai, mas não foi possível, pois as lojas fecham ás 16hs. Deixamos para ir no dia seguinte pela manhã com um guia que se ofereceu para nos ajudar.
Dia 09/01/08 – 23º dia – Foz do iguaçu (PR) / Curitiba (PR)
Ciudad del Leste é muito feia, não via a hora de sair dali. Finalmente conseguimos encerrar as compras às 11hs para seguir viagem. Não deu para comprar quase nada, pois os baús da moto estavam lotados. Sorte a nossa porque não confiamos muito nos produtos de lá. É um tipo de lugar que tem que conhecer muito bem para ter certeza do que está comprando.
Pegamos à estrada em sentido a Curitiba aí eu comecei a ver o contraste com os outros países que passamos. Cada qual com sua beleza, mas cá pra nós, o nosso país é lindo, é muito rico. Pra todo lado que eu olhava eu via uma barraca de frutas na estrada, enquanto em outros países eu não vi nenhuma. É incrível como a gente tem que ir para outros lugares
para notar os pequenos detalhes do dia a dia. Neste dia o calor estava insuportável, tínhamos que parar várias vezes para beber água. Tanto calor que é óbvio que viria chuva.
Paramos um pouco para esperar a chuva passar. A estrada é muito boa, também com tanto pedágio. Ah! Um detalhe, moto também paga e os preços variam de R$ 2,40 a R$ 3,50. Agora imagina ter que pagar estes valores com centavos, era um tal de moeda cair no chão. Porque eles complicam tanto, heim? Bom, depois da chuva o visual ficou ainda mais lindo.
Somando o céu azul + a diversidade de tons de verde, veio um arco-íris para fechar com chave de ouro.
Queríamos chegar em São Paulo neste mesmo dia, mas conseguimos chegar em Curitiba somente a noite e para pegar a BR neste horário não era muito aconselhável. Nós até que tentamos, mas desistimos e decidimos parar para jantar e dormir em Curitiba mesmo.
Dia 10/01/08 – 24º dia – Curitiba (PR) / São Paulo (SP)
Acordamos cedo para chegar logo em São Paulo, afinal de contas tantos dias longe que algumas preocupações já estavam começando a aparecer. Quando pegamos à estrada percebemos que a decisão que tomamos na noite anterior foi a melhor, pois tantos dias viajando com segurança, não seria nada inteligente arriscar por algumas horas. A BR 101 estava péssima, tantos buracos que perdíamos as contas. Nesta hora valeria a pena contar as moedas para pagar o pedágio, não iria nem reclamar.
Chegamos em São Paulo e o cheiro, o transito e a vida louca das pessoas não negavam a fama desta cidade. Voltar pra casa é sempre bom principalmente com um monte de histórias para contar. Ver os familiares e os amigos também é muito bom, mas sentiremos saudades dos lugares e das pessoas que conhecemos.
Foram quase 10.000 km de aventura. Não vou mentir, cansa, mas vale muito, muito a pena viver todas estas emoções. Aconselho todo mundo a realizar seus sonhos. Sempre é possível realizar. Felizmente somos um casal que tem a sorte de gostar das mesmas coisas. Não pensem que é um mar de rosas, sempre surgem desentendimentos, afinal eles fazem parte da viagem e é o que nos ajudam a amadurecer e a fortalecer a relação. Aprendemos muitas coisas nestes 24 dias que talvez demoraríamos anos para aprender. Com esta experiência voltamos muito mais fortalecidos para enfrentar o dia a dia.